São Paulo, domingo, 28 de outubro de 2007

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SAÚDE/GINECOLOGIA

Punção pode evitar cirurgia para retirar cisto no ovário

73,2% das pacientes de um estudo feito no HC trataram cisto clinicamente

Alternativas foram usadas em cistos benignos com diâmetro entre 5 cm e 10 cm; participantes tinham de 19 a 70 anos

MÁRCIO PINHO
DA REPORTAGEM LOCAL

Um estudo de doutorado feito no HC (Hospital das Clínicas) de São Paulo mostrou que cistos benignos de ovário relativamente grandes, com diâmetros entre 5 cm e 10 cm e que costumam ter indicação cirúrgica, podem ser tratados de forma eficaz por tratamento clínico e pela técnica de punção.
A pesquisa da ginecologista Lúcia Helena Chnee, doutora pela Faculdade de Medicina da USP, revela que esses métodos evitaram cirurgias em 73,2% dos casos. Todas as 71 pacientes tratadas tinham entre 19 e 70 anos de idade e cistos benignos ao ultra-som, com tamanhos entre 5 cm e 10 cm.
O estudo consistiu no equilíbrio clínico da paciente e no tratamento hormonal-ginecológico. Na reavaliação feita três meses depois, a maioria das pacientes foi submetida à punção -técnica usada na fertilização in vitro para retirada de óvulos. Por meio de uma agulha introduzida pela vagina, o interior dos cistos foi aspirado.
"A tendência da medicina hoje é ser mais preventiva que curativa, porque a riqueza diagnostica dá mais segurança. Antes, quando observava-se aumento abdominal, já era indicada a cirurgia", afirma.
Segundo ela, quando um cisto tem menos de 3 cm, o tratamento hormonal é o indicado. Nos maiores que 5 cm, a conduta varia e muitos médicos recomendam cirurgias. "Um tratamento clínico, que pode ser acompanhado de punção, evita inconvenientes da operação."
Esses métodos, entretanto, não são a solução para todas as pacientes. Cerca de 500 mulheres com cistos foram analisadas no HC e só 71 com indicação para os tratamentos participaram da pesquisa. Houve critérios de seleção como exames de marcadores tumorais, hormonais e ultra-sonográficos.
Das 71 participantes, 19,8% tiveram o retorno do cisto no prazo de um ano e receberam indicação cirúrgica. Os 7% restantes tiveram indicação direta devido a alterações nos exames.
"Outros autores usaram essa técnica com resultados não tão bons porque não foram rigorosos na seleção dos cistos a serem "puncionados" e não levaram em conta o tratamento clínico. Uma conduta médica não pode ser aplicada a todos", diz.
Segundo Ayrton Pastore, imaginologista com formação clínica, a punção é uma técnica usada pelos médicos, mas com critérios. Ele diz que a técnica também tem taxa de recidiva (reaparecimento do problema), que é de cerca de 40% quando o cisto é volumoso. A possibilidade pode diminuir se tratada a disfunção hormonal.
A indicação deve levar em conta o perfil da paciente e da doença. Geralmente é indicada para quem tem cisto com aspecto benigno e não quer operar, já fez cirurgia que não resolveu, está com dor ou não responde a medicamentos", diz.
Em casos em que há suspeita de que o tumor seja maligno, a punção é desaconselhada e há recomendação cirúrgica.


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