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SAÚDE/GINECOLOGIA
Punção pode evitar cirurgia para retirar cisto no ovário
73,2% das pacientes de um estudo feito no HC trataram cisto clinicamente
Alternativas foram usadas em cistos benignos com diâmetro entre 5 cm
e 10 cm; participantes tinham de 19 a 70 anos
MÁRCIO PINHO
DA REPORTAGEM LOCAL
Um estudo de doutorado feito no HC (Hospital das Clínicas) de São Paulo mostrou que
cistos benignos de ovário relativamente grandes, com diâmetros entre 5 cm e 10 cm e que
costumam ter indicação cirúrgica, podem ser tratados de forma eficaz por tratamento clínico e pela técnica de punção.
A pesquisa da ginecologista
Lúcia Helena Chnee, doutora
pela Faculdade de Medicina da
USP, revela que esses métodos
evitaram cirurgias em 73,2%
dos casos. Todas as 71 pacientes
tratadas tinham entre 19 e 70
anos de idade e cistos benignos
ao ultra-som, com tamanhos
entre 5 cm e 10 cm.
O estudo consistiu no equilíbrio clínico da paciente e no
tratamento hormonal-ginecológico. Na reavaliação feita três
meses depois, a maioria das pacientes foi submetida à punção
-técnica usada na fertilização
in vitro para retirada de óvulos.
Por meio de uma agulha introduzida pela vagina, o interior
dos cistos foi aspirado.
"A tendência da medicina
hoje é ser mais preventiva que
curativa, porque a riqueza diagnostica dá mais segurança. Antes, quando observava-se aumento abdominal, já era indicada a cirurgia", afirma.
Segundo ela, quando um cisto tem menos de 3 cm, o tratamento hormonal é o indicado.
Nos maiores que 5 cm, a conduta varia e muitos médicos recomendam cirurgias. "Um tratamento clínico, que pode ser
acompanhado de punção, evita
inconvenientes da operação."
Esses métodos, entretanto,
não são a solução para todas as
pacientes. Cerca de 500 mulheres com cistos foram analisadas
no HC e só 71 com indicação para os tratamentos participaram
da pesquisa. Houve critérios de
seleção como exames de marcadores tumorais, hormonais e
ultra-sonográficos.
Das 71 participantes, 19,8%
tiveram o retorno do cisto no
prazo de um ano e receberam
indicação cirúrgica. Os 7% restantes tiveram indicação direta
devido a alterações nos exames.
"Outros autores usaram essa
técnica com resultados não tão
bons porque não foram rigorosos na seleção dos cistos a serem "puncionados" e não levaram em conta o tratamento clínico. Uma conduta médica não
pode ser aplicada a todos", diz.
Segundo Ayrton Pastore,
imaginologista com formação
clínica, a punção é uma técnica
usada pelos médicos, mas com
critérios. Ele diz que a técnica
também tem taxa de recidiva
(reaparecimento do problema),
que é de cerca de 40% quando o
cisto é volumoso. A possibilidade pode diminuir se tratada a
disfunção hormonal.
A indicação deve levar em
conta o perfil da paciente e da
doença. Geralmente é indicada
para quem tem cisto com aspecto benigno e não quer operar, já fez cirurgia que não resolveu, está com dor ou não responde a medicamentos", diz.
Em casos em que há suspeita
de que o tumor seja maligno, a
punção é desaconselhada e há
recomendação cirúrgica.
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