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1º semestre teve 20% mais casos de dengue do que o divulgado
Diferença em SP foi identificada após revisão de dados feita pelo Centro de Vigilância Sanitária; casos foram de 64.903 para 77.633
Com o novo número, SP já tem este ano 36% a mais de casos do que em todo o ano passado, que já havia sido 9 vezes maior do que 2005
JOSÉ ERNESTO CREDENDIO
DA REPORTAGEM LOCAL
CINTHIA RODRIGUES
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA
O Estado de São Paulo registrou no primeiro semestre do
ano 19,6% mais casos de dengue do que o número que vinha
sendo divulgado pela Secretaria de Estado da Saúde.
Uma revisão de dados feita
pelo CVE (Centro de Vigilância
Epidemiológica) elevou o total
de vítimas de 64.903 para
77.633, segundo balanço do último dia 19. O número de doentes do Estado, incluindo o segundo semestre, passou a
78.614.
A diferença, de acordo com a
assessoria do secretário da Saúde, Luiz Roberto Barradas Barata, se deve à revisão realizada
a partir de setembro, quando
teria sido percebida uma subnotificação no primeiro semestre deste ano.
Proporção maior
A alteração eleva também a
proporção de casos por 100 mil
habitantes, que passa de 161 para 191, segundo cruzamento de
dados do CVE e do IBGE (Fundação Instituto Brasileiro de
Geografia e Estatística).
O Ministério da Saúde considera epidemia o local com 300
infecções por grupo de 100 mil
habitantes. Embora o índice do
país todo seja de 253, o ministro da Saúde, José Gomes Temporão, já afirmou que o Brasil
"vive uma epidemia".
Pelo balanço, dos 645 municípios de São Paulo, 355 apresentaram pelo menos um caso
de dengue autóctone (transmitido na própria cidade) neste
ano. Destes, 45 tiveram o número do primeiro semestre revisado para cima pelo CVE.
A maior parte das cidades
que tiveram dados alterados já
estava entre as consideradas
epidêmicas, no entanto, em alguns casos a subnotificação foi
de até 800% (veja quadro nesta
página).
O pior caso proporcional foi o
de Sud Menucci (614 km a noroeste de São Paulo). No município, de 7.400 habitantes, as
notificações subiram de 25 para 225 no primeiro semestre.
A secretária de Saúde de Sud
Menucci, Eliana Luzia Covre
Dias Martinez, afirma que todas as suspeitas de dengue e
amostras de sangue coletadas
para confirmação foram enviados ao Estado até abril deste
ano. "Ao todo foram 330 suspeitas, mas só 25 foram confirmadas por eles. Do restante,
200 nós consideramos dengue
por critério clínico, mas isso tudo até abril. Não mudamos nada nos dados antigos", diz.
Birigüi (514 km de SP) teve o
maior número de "novos" casos, passando de 833 para 5.145
de janeiro a junho. A Folha
tentou ouvir a Secretaria da
Saúde da cidade, mas não obteve resposta.
Com o novo número geral,
São Paulo já tem 36% a mais de
casos do que todo o ano passado, que já havia sido nove vezes
maior do que 2005.
Distorções
O CVE admite que havia subnotificação até o último relatório, mas culpou as cidades pelas
distorções nos números.
A notificação de casos de
dengue é obrigatória, seja o caso confirmado por exame ou
apenas por análise clínica.
De acordo com a assessoria,
municípios em epidemia, em
que somente um exame clínico
é suficiente para comprovar a
doença, estariam deixando de
enviar dados para o órgão.
Ainda conforme a assessoria,
técnicos do CVE, a partir de setembro, entraram em contato
com as prefeituras para pedir
as informações completas.
A secretária de Saúde de Sud
Menucci, porém, nega que tenha recebido qualquer pedido
de reenvio dos dados.
"Nosso relatório já inclui a
análise do médico. Isso está
com o Estado desde abril. Tenho todas as planilhas para
provar", declarou.
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