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VIOLÊNCIA
Policiais civis são contra a unificação com a PM; associação de delegados entrará na Justiça contra o projeto
Delegados do Rio decidem não fazer greve
PEDRO DANTAS
FREE-LANCE PARA A FOLHA
Cerca de 200 delegados da Polícia Civil do Rio decidiram ontem,
em assembléia, não entrar em
greve, embora tenham votado por
unanimidade pelo boicote ao projeto do governador Anthony Garotinho (sem partido) de unificar
as Polícias Civil e Militar por meio
do ISP (Instituto de Segurança
Pública).
"A possibilidade de uma greve
está descartada, pois não seria
justo privar a população de um
serviço essencial em um momento crítico", disse o presidente do
Sindicato dos Delegados de Polícia Civil do Estado do Rio, Pedro
Paulo Pinho.
Com a presença de cerca de 120
delegados e representantes de entidades representativas de categorias profissionais da Polícia Civil e
da PM, a assembléia decidiu recomendar a todos os delegados que
não participem do ISP, mesmo
em funções burocráticas.
Também ficou decidido que a
Adepol (Associação dos Delegados de Polícia) entrará no STF
(Supremo Tribunal Federal) com
uma nova ação de inconstitucionalidade contra o projeto de unificar o trabalho de policiais civis e
militares.
"O STF já decidiu em várias
oportunidades que não pode se
cobrar taxa de serviço de policiamento. O ISP quer sobreviver em
função de taxas cobradas dos
eventos", declarou o presidente
da Adepol, Wladimir Reale.
Nomeado sexta-feira por Garotinho, o novo chefe da Polícia Civil, Álvaro Lins, 33, enfrentou na
assembléia a irritação dos colegas
com o projeto de unificação.
Convidado pelo presidente da
Adepol, Lins se negou a responder perguntas dos delegados, sob
a alegação de que tinha problemas de agenda, e discutiu com Pedro Paulo Pinho, que questionou
a constitucionalidade da unificação.
"Vai se retirar porque não sabe
responder", disse Pinho ao chefe
da Polícia Civil, que deixava o local. O presidente do sindicato
classificou Lins de "arrogante e
mau colega".
"Vim à assembléia para fazer
uma explanação sobre o ISP. A arguição de inconstitucionalidade
vai ser apreciada pelo STF", afirmou Lins.
Segundo ele, não haverá punição aos policiais que não aderirem ao ISP, porque a inscrição no
projeto seria voluntária.
"Caso nenhum delegado se inscreva no ISP, o governador tomará outra atitude. Não podemos
obrigar o policial a aderir. Não há
necessidade de greve nem de atritos", disse Lins.
Sobre a discussão com o presidente do sindicato, Lins disse que
o objetivo de Pedro Paulo Pinho é
o de questionar sua capacidade e
idade para o cargo. Disse ainda
que o sindicato não representa a
categoria.
"Pinho ficou 72 dias à frente da
Polinter e efetuou apenas três prisões. No mesmo período, cumpri
59 mandados", afirmou Lins.
Os delegados ironizavam a todo
momento o uso de uniformes,
medida prevista para a categoria
no projeto do ISP.
"É uma sandice totalmente contrária ao trabalho de investigação", afirmou Zaqueu Teixeira, titular da 37ª DP (Delegacia de Polícia), que teve atritos recentes com
o secretário de Segurança durante
a apuração da morte da diretora
do presídio Bangu 1, Sidneya dos
Santos de Jesus.
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