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Maternidade leva mulheres a abrir o próprio negócio
Criado nos Estados Unidos, movimento conhecido como "empreendedorismo materno" ganha adeptas no Brasil
Embora ganhem menos, mães se dizem mais felizes e realizadas por poderem trabalhar em casa e sem pressão
LETICIA DE CASTRO
DE SÃO PAULO
Se nos anos 70 foi a conquista por espaço e reconhecimento no mercado de trabalho que mobilizou milhares de mulheres, atualmente
uma nova bandeira surge no
horizonte feminino.
Bem sucedidas e bem remuneradas, muitas mulheres que viraram mães recentemente estão abrindo mão
de empregos seguros pelo
risco de abrir o próprio negócio. O objetivo: aliar a realização profissional à vivência
intensa da maternidade.
"O mundo corporativo não
está preparado para as mães.
Eu amo o meu trabalho, mas
não posso me esquecer de
que coloquei um filho no
mundo e preciso cuidar dele", diz a estilista Fernanda
Franken, 32, mãe de Davi, 2.
Para se ver livre da carga
horária pesada na equipe de
criação de uma grande marca de lingerie, que chegava a
12 horas em períodos críticos,
Fernanda pediu demissão e
montou sua própria confecção. Assim nasceu a Mamma
Mini, marca que oferece roupas para mães e filhos.
A estilista faz parte de um
movimento iniciado nos EUA
que ganha cada vez mais
adeptas em países como Canadá, Inglaterra e, agora,
Brasil. Apelidado "mompreneurship", que poderia ser
traduzido como "empreendedorismo materno", reúne
mulheres que estão aliando a
maternidade aos negócios.
Inspiradas pela própria
experiência, elas desenvolvem produtos para bebês,
crianças e para outras mães,
cada vez mais sedentas por
roupas, presentes e acessórios personalizados.
Com escritórios em casa, a
internet é uma das principais
aliadas. Sites como mompreneursonline.com e themompreneurs.com, escritos por mães para mães, reúnem dicas sobre negócios e
sobre como aliar as tarefas
domésticas ao trabalho.
No Brasil, o site Cia das
Mães funciona como uma loja virtual que reúne 50 marcas. No ar desde março, tem
acessos de mais de 150 cidades brasileiras e de mais de
40 países, apesar de só vender para o Brasil.
A idealizadora, a jornalista
Daniela Buono, 36, mãe de
Clara, 6, e de Bebel, 2, conta
que recebe cerca de 30
e-mails por dia de mães interessadas em abrir seu negócio ou participar da rede.
REMUNERAÇÃO
Mas quem pensa que a rotina dessas mulheres ficou
mais calma, está enganado.
"Continuo fazendo malabarismo para dar conta de casa,
filhos e empresa. Mas estou
muito mais feliz", diz Daniela, que tem mais duas sócias,
cada uma trabalhando em
sua própria casa.
O salário também não
atingiu ainda o patamar que
elas tinham antes.
Hoje, elas recebem uma
média de cinco pedidos por
dia. A meta é chegar a 30.
"Tudo que entra vai para a
empresa. É uma fase de investimento", diz Daniela.
Há dois anos no mercado,
as designers Maria Mazzucchelli e Raquil Lange, sócias
da Parangolé, marca especializada em produtos para
festas infantis, já começam a
ver resultado do investimento que fizeram.
Há cerca de seis meses, a
empresa começou a dar lucro. "A Parangolé foi tomando corpo à medida que a gente resolveu se profissionalizar", conta Maria.
A ideia da empresa surgiu
da experiência pessoal da
dupla. "Adoro organizar as
festas dos meus filhos, mas
nunca achava produtos e
acabava criando e produzindo tudo em casa", diz Maria.
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