São Paulo, domingo, 28 de novembro de 2010

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Maternidade leva mulheres a abrir o próprio negócio

Criado nos Estados Unidos, movimento conhecido como "empreendedorismo materno" ganha adeptas no Brasil

Embora ganhem menos, mães se dizem mais felizes e realizadas por poderem trabalhar em casa e sem pressão

LETICIA DE CASTRO
DE SÃO PAULO

Se nos anos 70 foi a conquista por espaço e reconhecimento no mercado de trabalho que mobilizou milhares de mulheres, atualmente uma nova bandeira surge no horizonte feminino.
Bem sucedidas e bem remuneradas, muitas mulheres que viraram mães recentemente estão abrindo mão de empregos seguros pelo risco de abrir o próprio negócio. O objetivo: aliar a realização profissional à vivência intensa da maternidade.
"O mundo corporativo não está preparado para as mães. Eu amo o meu trabalho, mas não posso me esquecer de que coloquei um filho no mundo e preciso cuidar dele", diz a estilista Fernanda Franken, 32, mãe de Davi, 2.
Para se ver livre da carga horária pesada na equipe de criação de uma grande marca de lingerie, que chegava a 12 horas em períodos críticos, Fernanda pediu demissão e montou sua própria confecção. Assim nasceu a Mamma Mini, marca que oferece roupas para mães e filhos.
A estilista faz parte de um movimento iniciado nos EUA que ganha cada vez mais adeptas em países como Canadá, Inglaterra e, agora, Brasil. Apelidado "mompreneurship", que poderia ser traduzido como "empreendedorismo materno", reúne mulheres que estão aliando a maternidade aos negócios.
Inspiradas pela própria experiência, elas desenvolvem produtos para bebês, crianças e para outras mães, cada vez mais sedentas por roupas, presentes e acessórios personalizados.
Com escritórios em casa, a internet é uma das principais aliadas. Sites como mompreneursonline.com e themompreneurs.com, escritos por mães para mães, reúnem dicas sobre negócios e sobre como aliar as tarefas domésticas ao trabalho.
No Brasil, o site Cia das Mães funciona como uma loja virtual que reúne 50 marcas. No ar desde março, tem acessos de mais de 150 cidades brasileiras e de mais de 40 países, apesar de só vender para o Brasil.
A idealizadora, a jornalista Daniela Buono, 36, mãe de Clara, 6, e de Bebel, 2, conta que recebe cerca de 30 e-mails por dia de mães interessadas em abrir seu negócio ou participar da rede.

REMUNERAÇÃO
Mas quem pensa que a rotina dessas mulheres ficou mais calma, está enganado. "Continuo fazendo malabarismo para dar conta de casa, filhos e empresa. Mas estou muito mais feliz", diz Daniela, que tem mais duas sócias, cada uma trabalhando em sua própria casa.
O salário também não atingiu ainda o patamar que elas tinham antes.
Hoje, elas recebem uma média de cinco pedidos por dia. A meta é chegar a 30. "Tudo que entra vai para a empresa. É uma fase de investimento", diz Daniela.
Há dois anos no mercado, as designers Maria Mazzucchelli e Raquil Lange, sócias da Parangolé, marca especializada em produtos para festas infantis, já começam a ver resultado do investimento que fizeram.
Há cerca de seis meses, a empresa começou a dar lucro. "A Parangolé foi tomando corpo à medida que a gente resolveu se profissionalizar", conta Maria.
A ideia da empresa surgiu da experiência pessoal da dupla. "Adoro organizar as festas dos meus filhos, mas nunca achava produtos e acabava criando e produzindo tudo em casa", diz Maria.


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