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Segundo a polícia, atirador de Taiúva escolheu alvos
ROGÉRIO PAGNAN
DA FOLHA RIBEIRÃO
A polícia de Taiúva acredita que
Edmar Aparecido Freitas, 18, tinha definido os alvos que pretendia matar anteontem. Freitas invadiu a escola Coronel Benedito
Ortiz -onde estudou- e feriu
seis alunos (dois em estado grave), uma professora e o zelador.
Depois disso, se matou.
A conclusão sobre os alvos está
baseada em depoimentos de cinco colegas de Freitas. Alunos da
escola e familiares do rapaz também disseram à polícia que várias
pessoas teriam humilhado o estudante durante anos com apelidos
pejorativos.
A informação contradiz as primeiras apurações da polícia
-baseadas nas declarações de
funcionários, logo após o crime-
de que Freitas teria dado 14 tiros
aleatoriamente.
Segundo sobreviventes, o estudante escolheu em quem iria atirar. "Ele [o ex-aluno" olhou para
mim e disse: "Você não". E saiu",
afirmou à Folha o estudante Maicon Roberto de Souza Paulino, 15.
A polícia suspeita que Freitas
atirou deliberadamente em pelo
menos duas pessoas: a professora
Maria de Lourdes Jacon Fernandes (ferida de raspão na perna) e o
aluno Aldemar Rodrigues Filho,
17, o Dunga. "Não acredito. Acho
que, se ele quisesse ter me matado, ele teria. Fiquei na frente dele", disse a professora.
Segundo declarações de estudantes, dadas à polícia e à Folha, o
ex-aluno foi humilhado por colegas durante anos por ter sido obeso. As chacotas continuaram
mesmo após ele ter conseguido
emagrecer quase 30 quilos.
Uma ex-colega disse à Folha
que Freitas chegou a sair chorando da sala de aula por ser chamado de "gordo" e "vinagrão". Cinco alunos que conviveram com
Freitas disseram, em depoimento,
que ele era simpatizante do nazismo. "Ele disse que iria matar a
classe toda, mas nunca ninguém
acreditou", afirmou Aline Cristina Timossi, 23.
Compra da arma
Segundo a polícia, o plano de
Freitas começou a ser concretizado em dezembro, quando ele
comprou o revólver 38 utilizado
no crime por R$ 250, em uma loja
na cidade de Jaboticabal. O dono
do estabelecimento pode ser indiciado por venda ilegal de armas,
segundo a polícia.
O lavrador Nelson de Freitas,
pai do estudante, afirmou não
conseguir entender a atitude do
filho, mas desconfia que o crime
esteja relacionado às chacotas que
sofria dos colegas. "Um dia, me
falou que meninos mexeram com
ele e, quando se virou, a professora chamou sua atenção."
O lavrador disse não saber como o filho comprou o revólver,
mas afirmou que conversaram
sobre armas em dezembro.
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