ALFREDO JUNQUEIRA E
TALITA FIGUEIREDO
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA, DO RIO

Pelo menos onze pessoas morreram entre a noite de anteontem e a manhã de ontem em decorrência das fortes chuvas que atingiram o Rio. Seis pessoas morreram afogadas na garagem do Penha Shopping, na zona norte da capital fluminense, onde a água atingiu 2,20 m e chegou até o teto.
A suspeita é a de que as pessoas tenham se refugiado na garagem para se proteger da forte chuva. Algumas delas, de acordo com o que informaram os bombeiros, podem ter sido arrastadas pela água para dentro da garagem.
O portão da garagem e uma comporta de contenção que fica acoplada a ele haviam sido fechados pela administração do shopping por volta das 19h, por causa das chuvas. A comporta e o portão foram arrebentados pela força da água e a garagem inundada.
De acordo com o coronel Djalma Antônio de Souza Filho, comandante do Grupamento de Buscas e Salvamento dos Bombeiros, o rio Santa Mônica passa em uma galeria que fica embaixo da calçada ao lado da garagem do shopping, localizada na rua Leônidas. A galeria não foi suficiente para conter a chuva, e o nível da água chegou a 1,40 m na rua.
Além disso, três carros foram arrastados e bloquearam a saída da água para um canal, que fica embaixo da linha do trem, a menos de 50 m do shopping. O coordenador da Defesa Civil do Município, coronel João Carlos Mariano, declarou que a água formou uma correnteza com ondas fortes que pressionaram o portão da garagem, até que ele arrebentasse.
Mariano quer saber o porquê da instalação da comporta na frente do portão. "Dá a falsa sensação de segurança", disse ele. Bombeiros informaram que moradores da região afirmaram que duas pessoas estavam se protegendo da chuva entre a comporta e o portão. Elas teriam sido arrastados para dentro da garagem.
A Defesa Civil já fez uma vistoria completa no local e informou que não houve comprometimento da estrutura do prédio. O Penha Shopping poderá ser reaberto nesta segunda-feira.
Anteontem à noite, na garagem, os bombeiros encontraram os corpos de quatro pessoas: Cláudio Henrique Chaves Mauzão, 32, Maria Angélica da Silva Araújo, 34, Maria Célia Lopes, 60, e Maria Ivonete Miguel de Souza, 51.
Cláudio era garagista no estacionamento. Um segurança do shopping center contou aos bombeiros que ele ficou agarrado a uma pilastra sem conseguir sair de lá. O funcionário disse ainda que algumas pessoas se recusaram a deixar a garagem antes de buscar pertences que estavam dentro de seus veículos.
Ontem de manhã, foram encontrados outros dois corpos -de Arnaldo Marcolino, 56, e de Luiz dos Santos Souza, 45.
Irmã de Maria Ivonete, Silvia Miguel, 39, contou que a irmã era camelô, ao lado do shopping. "Contaram para mim que eles entraram na garagem para se proteger da chuva", disse ela, que revelou que pensa agora em acionar o shopping na Justiça.
O escoamento da água terminou por volta das 20h10 de ontem. Três bombas de sucção foram empregadas no trabalho de retirada da água do estacionamento.
A Folha não conseguiu localizar os administradores do shopping.


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