São Paulo, quinta, 29 de janeiro de 1998

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GOLPE EM AL
Farsa incluiu até enterro, após simulação de assassinato
Fazendeiro forja morte para receber seguro de R$ 540 mil

ARI CIPOLA
da Agência Folha, em Maceió

O fazendeiro alagoano Radjalma Tenório Cavalcante, 38, forjou a própria morte na semana passada, segundo seus parentes. Para receber um seguro de vida de R$ 540 mil -que livraria o fazendeiro da falência pessoal-, ele montou a cena de seu assassinato, de acordo com a polícia.
O "dublê" de Cavalcante foi enterrado na quarta-feira passada em Viçosa, cidade da zona da mata alagoana. O corpo que ocupou o seu lugar foi encontrado carbonizado dentro de um carro incendiado na AL-101 Sul, a 40 quilômetros de Maceió.
Com a dificuldade para fazer a identificação, os restos do sapato e do telefone celular, assim como o relógio do fazendeiro, achado no pulso da vítima, bastaram para confundir as autoridades locais.
O fazendeiro pensou em detalhes do próprio assassinato, mas se esqueceu da dor da família. Tanto que se arrependeu e telefonou para avisar os parentes que estava vivo, quatro dias depois.
Como era uma pessoa de família tradicional de Viçosa, os amigos fizeram camiseta em homenagem a Cavalcante com os dizeres "A amizade não se apaga". A família imprimiu "santinhos" convocando para a missa de 7º dia, que não foi realizada ontem.
O delegado José Lima, responsável pelo inquérito, pediu ontem a exumação do corpo enterrado. Ele investiga a possibilidade do corpo enterrado ser de um vaqueiro de Cavalcante, identificado apenas como Jô. "Se o corpo for mesmo de um ser humano, o que ainda carece de confirmação, teremos que apurar as circunstâncias em que se deu a morte", disse o delegado.



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