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Em ano eleitoral, Kassab quer regularizar comércio
Projeto na Câmara desvincula alvará predial de licença para exercer atividade
Projeto de vereador tucano tem apoio do prefeito e já foi aprovado em 1ª turno; para entidade, há nesses prédios até 1 milhão de empresas
EVANDRO SPINELLI
DA REPORTAGEM LOCAL
O prefeito Gilberto Kassab
(DEM) trabalha para legalizar,
em pleno ano eleitoral, praticamente todo o comércio de São
Paulo. Estima-se que cerca de
200 mil imóveis, onde funcionam até 1 milhão de empresas,
estejam irregulares na cidade.
Um projeto de lei que já foi
aprovado em primeiro turno na
Câmara desvincula a licença de
funcionamento do comércio do
alvará do imóvel. Dessa forma,
mesmo que o prédio tenha sido
construído irregularmente e
não consiga o alvará da prefeitura, a loja que fica ali dentro
terá autorização para operar.
Hoje, a prefeitura só libera o
alvará de funcionamento para o
comércio depois que o imóvel
conclui seu processo de regularização, o que pode levar anos.
Pelo projeto do vereador
Adolfo Quintas (PSDB), que
tem o apoio de Kassab, a empresa terá direito a um alvará
provisório de um ano, prorrogável por mais quatro. Nesse
período, o imóvel precisará obter o alvará ou o comerciante
terá de mudar de ponto.
Em Pirituba (zona norte), levantamento da subprefeitura
apontou que apenas 9% dos
imóveis comerciais da região
estão regularizados. Estimativa
da Secretaria das Subprefeituras feita a pedido da Folha,
com dados de 14 subprefeituras, aponta que, de um total de
41,6 mil imóveis comerciais,
somente 13 mil estão regulares.
A cidade tem 318 mil imóveis
comerciais. Com base na estimativa da secretaria, é possível
calcular que pelo menos 200
mil desses imóveis estão irregulares. Neles, de acordo com a
ACSP (Associação Comercial
de São Paulo), funcionam cerca
de 1 milhão de empresas.
A aprovação do projeto pode
elevar a receita do município
-uma licença de funcionamento custa, no mínimo, R$
12,40. Com base na estimativa
da ACSP, isso pode significar
R$ 12 milhões à prefeitura.
Prioridade
Kassab, pré-candidato à reeleição, pediu ao líder do governo na Câmara, José Police Neto, o Netinho (PSDB), que trate
o projeto como prioridade. Está
sendo elaborado um substitutivo, a ser assinado por todos os
líderes partidários. "Estamos
construindo um texto que comporte sanção. Não adianta nada
a idéia ser boa se o prefeito não
puder sancionar por questões
jurídicas", afirmou Netinho.
O projeto só não foi aprovado
ainda, disse Quintas, devido à
"ciumeira dos vereadores".
"Um vereador me disse outro
dia que, se esse projeto for
aprovado, eu nunca mais saio
da Câmara", afirmou. Câmara e
prefeitura sabem do potencial
eleitoral que o assunto tem.
Quintas pede, ainda, que a prefeitura conceda nova anistia
para imóveis irregulares em
2010 ou 2011 -medida semelhante foi adotada pela ex-prefeita Marta Suplicy (PT).
Para Roberto Matheus Ordini, vice-presidente da ACSP, o
projeto é uma prioridade para a
cidade. "Precisa passar por cima dessa condição eleitoral
porque precisamos resolver o
problema de São Paulo. O empresário não pode ficar refém
de situações que não lhe dizem
respeito. Se isso for favorável
ao prefeito, felicidades."
Colaboraram FÁBIO TAKAHASHI, da Reportagem Local, e KARIN BLIKSTAD, Colaboração para a Folha
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