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Mais um corpo é achado no mosteiro da Luz
Museu de Arte Sacra formará uma equipe multidisciplinar de especialistas antes de retomar as escavações no local
Segundo arqueólogo, existe a possibilidade de o 3º corpo estar mumificado; por ora, especialista confirmou mumificação de apenas um
RICARDO SANGIOVANNI
DA REPORTAGEM LOCAL
Após a confirmação de um
terceiro corpo no antigo cemitério do mosteiro da Luz (na região central de São Paulo), onde
dois outros corpos -um deles
mumificado- foram encontrados no sábado de Carnaval, o
museu de Arte Sacra do mosteiro formará uma equipe multidisciplinar de especialistas antes de retomar as escavações.
Não há prazo definido para a
retomada do trabalho no local.
Análises para obter a datação
precisa dos corpos -que pertenceram a freiras da ordem
Concepcionista, que vivem em
clausura no museu- e detalhes
sobre as condições que levaram
à preservação serão feitas no
Brasil. Nenhum material foi
enviado para fora do país.
A confirmação de mais um
corpo veio após ter sido verificada a existência de ossos de
uma mão, cujo molde na terra
pode ser visto no carneiro [gaveta mortuária] abaixo do local
onde está a múmia. Embora tenha sido aberto, o túmulo não
foi escavado, como o de cima.
"Há possibilidade de que seja
ou tenha sido uma múmia",
disse o arqueólogo Sérgio Monteiro da Silva, especialista em
arqueologia da morte do MAE
(Museu de Arqueologia e Etnologia da USP).
Silva, que acompanhou a escavação desde o início, afirma
que, até agora, só um corpo -e
não dois, como informara a direção do museu de Arte Sacra-
está mumificado. "O outro já
está esqueletizado, provavelmente por ação de cupins."
A intenção do grupo, que será
formado pela direção do museu, pelo Instituto do Patrimônio Artístico e Histórico Nacional), pelo MAE e pelo IML (Instituto Médico Legal) é abrir os
outros cinco túmulos do antigo
cemitério -quatro na parede e
um no chão. Até 12 corpos podem estar no local.
A prioridade, por ora, é tentar identificar os corpos, através de registros que estão sendo examinados pelo capelão,
padre Armênio Nogueira.
"Recebi das freiras quatro livros de crônicas e um com registros da entrada [no mosteiro] e da morte de cerca de 80
[das 129] freiras que estão enterradas no mosteiro. Mas não
sei o conteúdo porque ainda
não [os] li", disse o capelão.
"Queremos descobrir as causas das mortes. Algumas foram
vítimas de epidemias", diz o arqueólogo. O carneiro escavado
servirá como "caso piloto".
Dentro dele, um ninho de cupins -motivo oficial da escavação-, foi encontrado. "Controlamos sem usar produtos químicos, que poderiam comprometer os corpos", disse Luiz
Roberto Fontes, legista especializado em cupins.
A descoberta da múmia, porém, não foi uma total surpresa.
A equipe que acompanhou a escavação sabia que o túmulo escavado já havia sido aberto uma
vez, na década de 30, afirmou
Silva. "Diz a história oral do
mosteiro que as freiras ouviam
batidas que vinham lá de dentro. Mandaram abrir, viram
que tinha um crânio conservado e fecharam de novo".
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