|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
Piloto tem que desviar de prédio para pousar
No Campo de Marte, os helicópteros precisam fazer curva para driblar a proximidade de um prédio em construção
Infraero autorizou a obra, a 180 metros do heliponto,
na zona norte, e atribui
a confusão à falta de conhecimento dos pilotos
ALENCAR IZIDORO
DA REPORTAGEM LOCAL
MOACYR LOPES JUNIOR
REPÓRTER-FOTOGRÁFICO
Os helicópteros se aproximam e, antes de pousar, fazem
uma curva repentina no trajeto
-para desviar da proximidade
de um prédio em construção.
A cena se tornou corriqueira
há mais de um mês no Campo
Marte, aeroporto localizado na
zona norte de São Paulo e que
recebe 180 pousos ou decolagens de helicópteros por dia.
Os pilotos atribuem a manobra -para alguns, desconfortável; para outros, arriscada- à
obra de um edifício comercial
de três andares, com dez metros de altura, que começou a
ser erguido debaixo do trajeto
usado desde a última década.
A Infraero (empresa federal
que gerencia os aeroportos) autorizou a construção do novo
prédio, a 180 metros do heliponto do Campo de Marte, e
atribui a confusão ao desconhecimento dos próprios pilotos.
Afirma que a antiga rampa
-tipo de via aérea para a descida dos helicópteros- foi alterada no final de 2008 para afastá-los de lá, mas que a mudança
tem sido ignorada. A Aeronáutica nega: diz que a modificação
da rota não havia sido oficializada até a tarde da última sexta.
A situação é agravada pela
presença, há mais de três anos,
de um depósito de combustível
ao lado da nova obra e bem embaixo do caminho das aeronaves. A ordem da segurança de
voo é não sobrevoar áreas de
risco para evitar problemas numa condição de emergência.
"Tudo isso é um absurdo. O
heliponto tem que sair dali",
defende Carlos Alberto Artoni,
ex-presidente da Abraphe (associação dos pilotos de helicóptero). Ele já havia reclamado
tempos atrás sobre os tanques
de combustível. Nas últimas semanas, afirma que se assustou
ao deparar com a nova obra.
O atual presidente da entidade, Cleber Mansur, diz que recebeu relatos de preocupação
dos pilotos devido ao prédio,
mas que não visitou a área para
ter uma avaliação. Nos últimos
dias, enviou ofício à Infraero
para questioná-la sobre a obra.
O edifício que deve ser concluído até julho dentro do
Campo de Marte vai abrigar as
instalações da Bravio Brasil
Avionics, que trabalha com simuladores de voo e que venceu
concorrência da Infraero para
obter a concessão do espaço.
O diretor da empresa, Otacílio Soares de Lima, ex-comandante de helicópteros da Polícia Militar, diz que "não há
anormalidade nem irregularidade" e que, na prática, os pilotos não deveriam sobrevoar a
edificação, até por ela ser vizinha a tanques de combustível.
Lima afirma que a obra ainda
ficou três metros abaixo do limite legal. E atribui a resistência a "vícios" de alguns comandantes das aeronaves.
Segundo Cristina Lazzari Pelarin, gerente de operações, segurança e manutenção da Infraero, todos os órgãos da aviação foram avisados e deram
aval para a construção. A atribuição de alertar e fiscalizar os
pilotos, diz, é da Aeronáutica. O
major Carlos Alberto Bento,
chefe da divisão de operações
do SRPV (Serviço Regional de
Proteção ao Voo, ligado à Aeronáutica), diz que a obra está de
acordo com a legislação.
Texto Anterior: Há 50 anos Próximo Texto: Aeroporto está entre os 5 mais movimentados Índice
|