São Paulo, terça-feira, 29 de março de 2011

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ANTONIO ZUCCARO (1915-2011)

Um italiano com exatos 73 anos vividos no Brasil

ESTÊVÃO BERTONI
DE SÃO PAULO

Nada de férias, passeios ou festas. A vida para Antonio Zuccaro, um italiano de Civita, na Calábria, região sul da Itália, foi apenas trabalho.
Ele chegou ao Brasil em 23 de março de 1938, aos 23 anos. Seu pai tinha vindo antes, em 1924, para trabalhar nas lavouras de café. Por isso, sem o pai por perto desde cedo, Antonio sabia que teria de ser o guardião da casa.
Antes, fora pedreiro. Aqui, trabalhou como motorista de ônibus, caminhão e táxi, atividade na qual se aposentou.
Em 1948, casou-se com Anna Maria, italiana como ele. Viveram juntos até 1982, ano em que a mulher morreu. Fechado em casa após a perda da companheira, dizia: "Deixo sempre a porta aberta para a Anna Maria voltar".
Após a aposentadoria, passou a se dedicar à restauração de móveis, atividade tradicional na família e que ele aprendera ainda na Itália.
Era disciplinado, tomava diariamente seu vinho italiano e gostava de pôr ordem nas coisas. Dizia que as ferramentas tinham de estar sempre no mesmo local, prontas para o uso e capazes de serem achadas até no escuro.
Em casa, falava em albanês, língua comum em sua terra natal. O português ele pronunciava com sotaque.
Fazia estantes de livros para os filhos e adaptou móveis para comer melhor, quando, aos 87, teve diagnosticado um câncer de intestino. Teve ainda um câncer de pele.
Em 1995, a filha levou Antonio à Itália para que ele pudesse rever sua cidade.
Na quarta, 23 de março, exatos 73 anos de sua vinda, ele morreu de falência de órgãos, aos 96. Teve dois filhos, quatro netos e seis bisnetos.

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