São Paulo, domingo, 29 de março de 1998

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ADMINISTRAÇÃO
São Paulo será dividida em 11 setores explorados por empresas e prevê a criação de até 110 novas linhas
Prefeitura define critérios para microônibus


MAURÍCIO RUDNER HUERTAS
da Reportagem Local

A prefeitura já definiu os critérios para a abertura da concorrência pública para a exploração do serviço de microônibus em São Paulo. A cidade será dividida em 11 setores, e uma mesma empresa ou consórcio poderá controlar mais de uma região.
Também o centro expandido - região delimitada pelas marginais Tietê e Pinheiros e por avenidas como Tancredo Neves, Bandeirantes e Salim Farah Maluf- será incluído na licitação.
Cada setor deverá ter até dez linhas de microônibus. As tarifas poderão ter preço diferenciado em cada região.
Segundo estudos da Secretaria dos Transportes e da SPTrans (empresa gerenciadora do transporte na cidade), o preço médio da passagem nos microônibus deve ficar em torno de R$ 1,50.
Porém, cada empresa participante da concorrência poderá propor o seu preço, de acordo com o custo previsto em cada setor, que será levado em conta na escolha dos vencedores. Não haverá preço mínimo, mas um teto poderá ser definido.
A intenção da prefeitura é iniciar a operação dos microônibus ainda no primeiro semestre de 98.
"Estamos concluindo detalhes na esfera jurídica para garantir uma licitação democrática", afirma o gerente de planejamento da SPTrans, Alberto Lauletta.
Apesar de garantir que a concorrência será aberta para qualquer empresa ou até mesmo para cooperativas de trabalhadores que se formarem especificamente para a exploração dos microônibus, a SPtrans reconhece que a experiência dos atuais empresários do setor deve pesar na disputa.
"A única coisa que vamos exigir é um serviço diferenciado, com ar condicionado, poltronas rodoviárias e flexibilização de itinerários", diz Lauletta.
Desde a gestão de Paulo Maluf (1993-96) há estudos para a introdução do sistema de microônibus na cidade. A proposta ganhou força no ano passado, com a ocorrência de greves de ônibus e a boa aceitação das peruas de lotação fazendo percursos alternativos.
Mas taxistas e donos de empresas de ônibus se mobilizaram contra as lotações e conseguiram aprovar na Câmara Municipal uma lei que limitava o serviço aos 2.700 perueiros já legalizados.
O que selou o interesse dos empresários do setor de transportes para a criação de um sistema alternativo como os microônibus foi a constatação de que as lotações teriam "roubado" mais de 10 milhões de passageiros por mês.
A prefeitura começou então a avaliar a introdução de um sistema com linhas expressas, que pudesse unir a agilidade das lotações ao modelo já adotado em São Paulo, com prioridade aos ônibus.
A demora para a adoção ocorreu porque as empresas passaram a pressionar a prefeitura para que elas pudessem introduzir os microônibus segundo o contrato atual -em que o município assume todos os riscos e subsidia o sistema para encobrir a diferença entre os custos e o valor da tarifa.



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