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São Paulo, terça-feira, 29 de abril de 2003

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SAÚDE

Medicamentos têm efeito semelhante ao do Viagra e prometem tempo de ação maior do que o do líder do mercado

Combate à impotência tem 2 novas drogas

AURELIANO BIANCARELLI
DA REPORTAGEM DA LOCAL

Dois novos comprimidos capazes de afastar o fantasma da impotência estão chegando às farmácias na próxima segunda-feira. Um deles é o Cialis (tadalafil), do laboratório Eli Lilly, comprimido de cor bege que foi lançado ontem. O Cialis chega com a promessa de agir por até 36 horas, ou um final de semana inteiro.
A outra droga é o Levitra (vardenafil), dos laboratórios Bayer e GlaxoSmithKline, de cor alaranjada, e que será anunciada hoje em uma coletiva no interior de um motel. O Levitra promete uma ereção dez vezes mais potente que a de seus concorrentes.
Até agora, reinou praticamente sozinho o Viagra, o losango azul do laboratório Pfizer que virou sinônimo de comprimido para impotência em todo o mundo. A seu favor, tem a vantagem de já ter sido usado por 22 milhões de pessoas desde que foi lançado como a primeira droga oral, em 1998.
A notícia dos novos concorrentes é animadora tanto para os laboratórios como para os homens e suas parceiras. Estima-se que, no Brasil, 12 milhões de homens sofram de disfunção erétil em algum grau, mas que só 10% desse universo estaria em tratamento.
As três drogas atuam da mesma forma: inibem a enzima fosforodiesterase-5. Ao bloqueá-la, os remédios prolongam o efeito do GMP cíclico, substância que facilita a dilatação das artérias do pênis, permitindo a entrada de mais sangue e uma ereção mais rígida e por mais tempo. Os remédios só agem quando há estímulo sexual.
Para os médicos, a escolha de um ou outro medicamento vai depender principalmente do paciente. "As três drogas são seguras e possuem eficácia semelhante", disse de Chicago, por telefone, o urologista Sidney Glina, ex-presidente da Issir (Sociedade Internacional para o Estudo da Sexualidade e da Impotência).
Chicago está sediando o 101º Congresso Americano de Urologia, e as drogas orais para a disfunção erétil "são um dos principais temas", afirmou. De acordo com Glina, as drogas têm uma eficácia média de 80%.
"O estilo de vida do paciente é o que deve pesar na hora de escolha do medicamento", diz o urologista Adriano Nesrallah, da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp). "Dependerá do paciente querer gastar mais ou menos, desejar ou não efeito prolongado."
Segundo ele, drogas de ação prolongada podem estender possíveis efeitos colaterais, como a dor de cabeça. Os médicos lembram que as três drogas devem ser evitadas por pacientes cardíacos que estejam tomando nitrato.
O preço máximo por comprimido, para as novas drogas, é de R$ 29. O Viagra custa de R$ 25 a R$ 38, dependendo da dosagem.

Mercado em crescimento
Os três laboratórios estão confiantes no sucesso de suas drogas. Valdair Pinto, diretor médico da Pfizer, diz que o laboratório é o que mais investe em pesquisa da disfunção erétil e que mais de mil estudos independentes já foram publicados sobre o sildenafil. Para os diretores do laboratório, o mercado continuará sendo dominado pelo Viagra.
Claudio Coracini, diretor de marketing da Eli Lilly, o mercado de disfunção erétil no ano passado foi de US$ 64 milhões, 90% deles do Viagra. O Uprima, droga que tem outro mecanismo de ação, mas menor eficácia, "vem sendo empregado por menos de 20% dos pacientes", estima Glina.
Coracini avalia que o mercado da impotência deve crescer 15% ao ano e que chegará a US$ 250 milhões em cinco anos. "O Cialis deve ser líder do mercado em quatro anos", estima o urologista. "A vantagem é que a pessoa pode decidir sobre sua atividade sexual por um tempo muito maior."
A assessoria do Levitra, que será lançado hoje, diz que o laboratório está apostando na "potência dez vezes maior" de sua droga e que espera conquistar 36% do mercado em três anos.


Colaborou FABIANE LEITE, da Reportagem Local


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