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INFÂNCIA
Vídeo mostra políticos em festa com adolescentes, em Pompéu (MG)
Fita ligaria prefeito a prostituição
PAULO PEIXOTO
THIAGO GUIMARÃES
DA AGÊNCIA FOLHA, EM BELO HORIZONTE
O aparecimento de várias fitas
de vídeo nos últimos dias, algumas deixadas em quintais da cidade mineira de Pompéu, na madrugada de anteontem, reforça as
suspeitas de envolvimento de políticos e empresários locais com
uma suposta rede de prostituição
infantil naquele município (164
km de Belo Horizonte).
As imagens dessas fitas seriam
as mesmas que estão em poder da
Comissão de Direitos Humanos
da Assembléia Legislativa de Minas Gerais desde a semana passada. Mostram uma festa na periferia com a participação de adolescentes supostamente contratadas.
Algumas das meninas teriam chegado ao local com o prefeito Francisco Luiz Cordeiro Guimarães
(PDT), o alvo das gravações.
A mulher do prefeito, Maria
Edite, atual secretária da Educação de Pompéu, teria suspeitado
de infidelidades do marido e resolvido investigá-lo. Ela teria contratado, em outubro do ano passado, o ex-policial militar e detetive particular Davidson César Santos para fazer as gravações.
Foi Santos quem fez essa afirmação ontem, ao ser apresentado
pela comissão -também estavam presentes representantes do
Ministério Público. Ele disse ter
feito a filmagem na noite do dia 29
de outubro de 2003 e deixado cópias com a mulher do prefeito.
O ex-policial disse que entregou
as fitas à comissão após ver na TV
o prefeito se defendendo da acusação de envolvimento no caso ao
lado da mulher, que não se manifestou. Ainda não se sabe quem
jogou fitas em casas da cidade.
As denúncias em Pompéu vieram à tona no dia 19, quando a comissão ouviu três garotas com
idades entre 13 e 14 anos que relataram casos de aliciamento sexual
em troca de dinheiro ou presentes. O quarto depoente, de 17
anos, admitiu que atuava como
agenciador de programas. Todos
foram incluídos no programa estadual de proteção a testemunhas.
Segundo o deputado Durval
Ângelo (PT), presidente da comissão, a fita -prova obtida de
forma ilegal, segundo o promotor
Ronald Albergaria- mostra o
prefeito de frente ao deixar a festa,
na madrugada do dia seguinte.
O caso já mobilizou a Assembléia Legislativa de Minas, o Ministério Público, a Polícia Civil, o
governo de Minas e a CPI da Prostituição Infantil do Congresso, cuja relatora, deputada Maria do
Rosário (PT-RS), acompanhou
na terça a audiência pública em
Pompéu para ouvir testemunhas.
"Estou convicta de que se trata
de rede de exploração sexual, que
não só atrai pessoas de outras cidades como leva as meninas para
cidades vizinhas", disse Rosário.
Em São Francisco (578 km de
Belo Horizonte), outra investigação sobre exploração sexual de
crianças resultará no indiciamento de pelo menos 32 pessoas -vereadores, comerciantes e policiais, segundo a delegada Tânia
Darc dos Santos. Os supostos envolvidos teriam mantido relações
sexuais com 42 meninas com idades que variavam de 10 a 17 anos.
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