São Paulo, quinta-feira, 29 de abril de 2004

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INFÂNCIA

Vídeo mostra políticos em festa com adolescentes, em Pompéu (MG)

Fita ligaria prefeito a prostituição

PAULO PEIXOTO
THIAGO GUIMARÃES
DA AGÊNCIA FOLHA, EM BELO HORIZONTE

O aparecimento de várias fitas de vídeo nos últimos dias, algumas deixadas em quintais da cidade mineira de Pompéu, na madrugada de anteontem, reforça as suspeitas de envolvimento de políticos e empresários locais com uma suposta rede de prostituição infantil naquele município (164 km de Belo Horizonte).
As imagens dessas fitas seriam as mesmas que estão em poder da Comissão de Direitos Humanos da Assembléia Legislativa de Minas Gerais desde a semana passada. Mostram uma festa na periferia com a participação de adolescentes supostamente contratadas. Algumas das meninas teriam chegado ao local com o prefeito Francisco Luiz Cordeiro Guimarães (PDT), o alvo das gravações.
A mulher do prefeito, Maria Edite, atual secretária da Educação de Pompéu, teria suspeitado de infidelidades do marido e resolvido investigá-lo. Ela teria contratado, em outubro do ano passado, o ex-policial militar e detetive particular Davidson César Santos para fazer as gravações.
Foi Santos quem fez essa afirmação ontem, ao ser apresentado pela comissão -também estavam presentes representantes do Ministério Público. Ele disse ter feito a filmagem na noite do dia 29 de outubro de 2003 e deixado cópias com a mulher do prefeito.
O ex-policial disse que entregou as fitas à comissão após ver na TV o prefeito se defendendo da acusação de envolvimento no caso ao lado da mulher, que não se manifestou. Ainda não se sabe quem jogou fitas em casas da cidade.
As denúncias em Pompéu vieram à tona no dia 19, quando a comissão ouviu três garotas com idades entre 13 e 14 anos que relataram casos de aliciamento sexual em troca de dinheiro ou presentes. O quarto depoente, de 17 anos, admitiu que atuava como agenciador de programas. Todos foram incluídos no programa estadual de proteção a testemunhas.
Segundo o deputado Durval Ângelo (PT), presidente da comissão, a fita -prova obtida de forma ilegal, segundo o promotor Ronald Albergaria- mostra o prefeito de frente ao deixar a festa, na madrugada do dia seguinte.
O caso já mobilizou a Assembléia Legislativa de Minas, o Ministério Público, a Polícia Civil, o governo de Minas e a CPI da Prostituição Infantil do Congresso, cuja relatora, deputada Maria do Rosário (PT-RS), acompanhou na terça a audiência pública em Pompéu para ouvir testemunhas.
"Estou convicta de que se trata de rede de exploração sexual, que não só atrai pessoas de outras cidades como leva as meninas para cidades vizinhas", disse Rosário.
Em São Francisco (578 km de Belo Horizonte), outra investigação sobre exploração sexual de crianças resultará no indiciamento de pelo menos 32 pessoas -vereadores, comerciantes e policiais, segundo a delegada Tânia Darc dos Santos. Os supostos envolvidos teriam mantido relações sexuais com 42 meninas com idades que variavam de 10 a 17 anos.


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