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Promotores pedem maior repressão
DA AGÊNCIA FOLHA, EM BELO HORIZONTE
A CPI da Prostituição Infantil
do Congresso já tem entre 800 e
mil casos relatados em todo o
país, segundo a promotora Leslie
Carvalho, do Distrito Federal, que
acompanha os trabalhos dos congressistas. Ela disse que, em muitos desses casos, há envolvimento
de autoridades locais.
Carvalho e o promotor Ronald
Albergaria, do Centro de Apoio
Operacional às Promotorias de
Justiça da Infância e Juventude de
Minas Gerais, defenderam ontem
maior repressão e uma campanha
nacional de prevenção e combate
à "cultura" da prostituição infantil que afirmam existir no país.
O primeiro passo, de acordo
com os promotores, seria alterar a
legislação de forma a tratar esse tipo de crime como hediondo. Outra medida sugerida é uma ampla
campanha nacional que teria várias frentes de ação.
Uma delas seria incentivar a sociedade a denunciar a prostituição infantil. Outra frente seria exigir das autoridades municipais o
cumprimento de medidas que são
determinadas pelo ECA (Estatuto
da Criança e do Adolescente), como a instalação dos Conselhos
Tutelares nos municípios.
Albergaria afirmou que o ECA é
ainda muito pouco estudado e conhecido no país, até mesmo por
magistrados e advogados. O promotor cita, por exemplo, o fato de
o estatuto determinar a criação do
Conselho de Direitos, que deve
ser formado por pessoas indicadas pelas prefeituras e pela sociedade civil organizada.
"O Conselho de Direitos tem
uma força tremenda. Ele pode,
entre outros, impedir que o prefeito use o recurso público para
construir um estádio de futebol se
há outras prioridades no município. Ele pode definir políticas públicas voltadas para a educação,
emprego e renda", afirmou o promotor Albergaria.
De acordo com a promotora, a
CPI do Congresso deverá propor
algumas alterações legislativas e
do Código Penal com o objetivo
de mudar a realidade atual. Os
trabalhos dos congressistas na
CPI devem ser concluídos em junho deste ano.
"Mas é muito importante manter esse debate e buscar uma mobilização social. É preciso haver
uma mudança cultural", afirmou
Carvalho.
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