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AMBIENTE
Relatório afirma que limpeza de manilha feita pela empresa FCA facilitou chegada do diesel ao rio, em Itaboraí
Óleo foi espalhado por erro, diz prefeitura
SERGIO TORRES
ENVIADO ESPECIAL A ITABORAÍ (RJ)
Um procedimento errado da
FCA (Ferrovia Centro-Atlântica)
-empresa cuja acionista majoritária é a Companhia Vale do Rio
Doce- facilitou o escoamento do
óleo diesel para o rio Caceribu,
para a área de proteção ambiental
de Guapimirim e para a baía de
Guanabara, acusa relatório que
será encaminhado ao Ministério
Público Federal pela Prefeitura de
Itaboraí (cidade a 45 km do Rio).
Quando o diesel vazou após o
descarrilamento de vagões-tanque da FCA no distrito de Porto
das Caixas, terça de madrugada, a
companhia colocou seis trabalhadores para limpar a entrada de
uma manilha de canalização fluvial que passa ao lado da ferrovia.
Com isso, o diesel entrou pela manilha e chegou ao rio facilmente.
O subsecretário de Meio Ambiente de Itaboraí, Heleno Cruz,
disse que a tubulação estava praticamente entupida por mato e lixo.
Quando a FCA fez a limpeza, o
óleo empoçado junto aos trilhos
passou a escorrer para a manilha,
que deságua no rio Porto das Caixas, afluente do Caceribu. Cruz
calcula que, por ao menos três horas, o óleo escorreu pela manilha,
cujo diâmetro tem cerca de 60 cm.
A manilha só foi entupida de
terra após as 10h, por ordem do
subsecretário, cerca de seis horas
após o início do vazamento.
A juíza Perla Lourenço Corrêa,
da Comarca de Itaboraí, sentenciou ontem a FCA a recompor os
danos ambientais causados na cidade pelo derramamento. A Justiça deu prazo de 48 horas para a
empresa retirar o óleo, evitar seu
avanço e dar abrigo aos desabrigados. O não-cumprimento implica multa de R$ 100 mil por dia.
A FCA já recebeu duas multas:
R$ 10 milhões pela Comissão Estadual de Controle Ambiental pelo derramamento e de R$ 1 milhão pela Serla (Superintendência
Estadual de Rios e Lagos), porque
um manancial de abastecimento
hídrico foi atingido.
A quantidade de óleo derramado ainda é desconhecida. A FCA
fala em 60 mil litros. O Ibama
(instituto ambiental do Brasil), a
Feema (Fundação Estadual de
Engenharia do Meio Ambiente) e
a Prefeitura de Itaboraí estimam
até 100 mil litros vazados.
Os cerca de 150 técnicos e operários envolvidos no trabalho não
conseguiram ontem evitar que
manchas de óleo alcançassem os
manguezais da APA, última área
preservada da baía. Para piorar,
uma barreira de contenção se
rompeu ao amanhecer, por causa
da correnteza, entre os rios Caceribu e Guaraí. Até o início da tarde
os técnicos não haviam remontado a barreira.
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