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VIOLÊNCIA
Ex-subsecretário de Segurança do Rio afirma que co-autor sofreu constrangimento na corporação, que nega
Livro sobre elite da PM do Rio causou punição, diz autor
MARIO HUGO MONKEN
DA SUCURSAL DO RIO
Autores do livro "Elite da Tropa", que descreve o Bope (Batalhão de Operações Especiais da
Polícia Militar do Rio) como sendo uma máquina de matar, afirmam que o capitão da PM André
Batista, que também assina a publicação, foi chamado de "inimigo" durante cerimônia no quartel-general da corporação da qual
participaram cem oficiais.
De acordo com sua editora, a
Objetiva, Batista foi proibido pelo
comando da PM de falar e recebeu ameaças de ser preso. A PM
nega (leia texto nesta página).
Como a Folha divulgou na edição de quarta-feira, o livro, que foi
escrito por André Batista (ex-integrante do Bope) em parceria
com o sociólogo e ex-subsecretário de Segurança Pública do Rio
Luiz Eduardo Soares e pelo capitão reformado da PM Rodrigo Pimentel, relata episódios que seriam reais em que o Bope entra
em favelas com o intuito de matar
e descreve casos de corrupção envolvendo policiais da unidade.
Segundo Luiz Eduardo Soares e
a editora Objetiva, Batista estava
trabalhando no Batalhão Ferroviário quando um oficial do comando da corporação o conduziu
até o quartel-general, no centro.
No local, de acordo com Soares,
foi colocado em meio a cem oficiais e começou a receber críticas
a respeito do livro, sendo chamado de "inimigo da tropa".
Um dos oficiais teria lido, na sua
frente, a reportagem publicada
pela Folha a respeito da obra. Batista foi obrigado a ficar calado e
não pôde responder às críticas,
segundo o ex-subsecretário.
Soares disse que Batista foi submetido a "um ritual de humilhação" sem direito a defesa o que, na
sua opinião, fere a Constituição e
os procedimentos da própria corporação. "Os oficiais também se
referiram a mim como inimigo e à
relação dele [Batista] comigo como algo problemático. Foi um
acinte à liberdade de expressão."
Procurado pela Folha, André
Batista se esquivou. Disse não ter
sido proibido de nada e negou
que tenha passado por algum tipo
de constrangimento. Declarou
ainda que não daria entrevistas
ontem porque estava ocupado.
O livro começará a ser vendido
no dia 4. Um trecho narra a preparação de um grupo de PMs que
estaria disposto a matar o então
governador Leonel Brizola (1983-87 e 1991-94). Questionavam a política de segurança de Brizola, que
impediria ações policiais contra
criminosos. O atentado foi abortado, segundo o livro.
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