São Paulo, sábado, 29 de abril de 2006

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VIOLÊNCIA

Ex-subsecretário de Segurança do Rio afirma que co-autor sofreu constrangimento na corporação, que nega

Livro sobre elite da PM do Rio causou punição, diz autor

MARIO HUGO MONKEN
DA SUCURSAL DO RIO

Autores do livro "Elite da Tropa", que descreve o Bope (Batalhão de Operações Especiais da Polícia Militar do Rio) como sendo uma máquina de matar, afirmam que o capitão da PM André Batista, que também assina a publicação, foi chamado de "inimigo" durante cerimônia no quartel-general da corporação da qual participaram cem oficiais.
De acordo com sua editora, a Objetiva, Batista foi proibido pelo comando da PM de falar e recebeu ameaças de ser preso. A PM nega (leia texto nesta página).
Como a Folha divulgou na edição de quarta-feira, o livro, que foi escrito por André Batista (ex-integrante do Bope) em parceria com o sociólogo e ex-subsecretário de Segurança Pública do Rio Luiz Eduardo Soares e pelo capitão reformado da PM Rodrigo Pimentel, relata episódios que seriam reais em que o Bope entra em favelas com o intuito de matar e descreve casos de corrupção envolvendo policiais da unidade.
Segundo Luiz Eduardo Soares e a editora Objetiva, Batista estava trabalhando no Batalhão Ferroviário quando um oficial do comando da corporação o conduziu até o quartel-general, no centro.
No local, de acordo com Soares, foi colocado em meio a cem oficiais e começou a receber críticas a respeito do livro, sendo chamado de "inimigo da tropa".
Um dos oficiais teria lido, na sua frente, a reportagem publicada pela Folha a respeito da obra. Batista foi obrigado a ficar calado e não pôde responder às críticas, segundo o ex-subsecretário.
Soares disse que Batista foi submetido a "um ritual de humilhação" sem direito a defesa o que, na sua opinião, fere a Constituição e os procedimentos da própria corporação. "Os oficiais também se referiram a mim como inimigo e à relação dele [Batista] comigo como algo problemático. Foi um acinte à liberdade de expressão."
Procurado pela Folha, André Batista se esquivou. Disse não ter sido proibido de nada e negou que tenha passado por algum tipo de constrangimento. Declarou ainda que não daria entrevistas ontem porque estava ocupado.
O livro começará a ser vendido no dia 4. Um trecho narra a preparação de um grupo de PMs que estaria disposto a matar o então governador Leonel Brizola (1983-87 e 1991-94). Questionavam a política de segurança de Brizola, que impediria ações policiais contra criminosos. O atentado foi abortado, segundo o livro.


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