São Paulo, domingo, 29 de abril de 2007

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Sabesp descarta que falha afete qualidade, mas diz que vai investir

Para companhia, má qualidade dos mananciais da Baixada Santista prejudica o tratamento da água

Diretor da empresa diz que problemas são corrigidos em 24 horas após serem detectados; prefeitos da região não comentam

Jorge Araújo/Folha Imagem
Morador atravessa ponte sobre o rio Cubatão; para diretor da Sabesp, ocupações na serra do Mar pioraram a qualidade dos mananciais


DA REPORTAGEM LOCAL

Apesar de descartar que falhas no processo de tratamento possam estar comprometendo a qualidade da água na Baixada Santista, a Sabesp vai investir mais de R$ 500 milhões para melhorar os sistemas.
"Todos os problemas serão eliminados", afirma Umberto Semeghini, diretor de Sistemas Regionais da empresa, que foi indicado pela Sabesp para comentar os laudos.
Segundo Semeghini, o problema que prejudica o tratamento da água é causado pela má qualidade dos mananciais que abastecem a Baixada Santista. "Eram de excelente qualidade, mas de dez anos para cá, com o processo de ocupação na serra [do Mar], a qualidade da água foi diminuindo", disse.
Quando a água bruta chega à estação de tratamento com excesso de impurezas, a Sabesp chega a suspender o tratamento. "Passamos a distribuir a água dos reservatórios."
Para ele, os problemas apontados nos relatórios são "pontuais" e são corrigidos 24 horas após serem detectados pelos laboratórios. "Fazemos a recoleta das amostras imediatamente. E as recoletas mostram que a água está boa", afirma.
Semeghini atribui parte das inconformidades a falhas no momento em que ocorrem as coletas das amostras. "Há falhas [nos procedimentos]", diz o diretor da estatal.
A diferença da qualidade dos mananciais, diz Semeghini, é o que explica a desproporção entre os resultados da análise da qualidade da água.
"Temos outras fontes no interior. Poços profundos, que abastecem várias cidades, não são tão sujeitos a contaminação como ocorre com as fontes superficiais", afirma.
A companhia já conta com financiamento da CEF (Caixa Econômica Federal) para reformular o sistema. Com exceção de Santos e São Vicente, afirma o diretor da estatal, as cidades têm hoje estações menos eficientes. "Teremos estações de tratamento muito mais completas", diz.
Serão R$ 280 milhões de investimento em estações. A construção de uma delas, a Bambu Branco, deve ser iniciada já em 2008. Somente na estação do Guarujá serão aplicados R$ 60 milhões.
Outro programa vai trocar cerca de 900 km de redes de distribuição na Baixada Santista. A atual, com tubulações de ferro fundido, é considerada desgastada e precária.
Há casos em que, devido à corrosão do metal, a água distribuída na região torna-se escura e é necessário esvaziar toda a rede para corrigir o problema, que, no entanto, não tem nenhum efeito na saúde.

Silêncio dos prefeitos
A Folha pediu entrevistas com prefeitos da Baixada Santista para que eles comentassem o resultado da análise da qualidade da água. Nenhum dos prefeitos contatados por meio de suas assessorias de imprensa quis falar.
A Prefeitura de Praia Grande, única a responder o questionamento, afirmou que as análises realizadas pela Secretaria da Saúde da cidade jamais encontrou problemas na água distribuída na cidade.
O responsável pela Divisão de Vigilância Sanitária da secretaria, Luis Carlos Marono, afirmou que "nenhuma irregularidade foi detectada nas últimas análises e nenhum problema de saúde relacionado à problemas na água foi registrado no município".
(JOSÉ ERNESTO CREDENDIO)


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