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CASO DINIZ
Secretário afirma que não cedeu, mas juiz que dará benefício aos sequestradores admite que greve influiu
Estado nega que tenha cedido a protesto
MALU GASPAR
da Reportagem Local
O secretário da Administração
Penitenciária, João Benedicto de
Azevedo Marques, disse ontem
que o governo não cedeu "nem
um milímetro" para fazer o acordo com os dez sequestradores do
empresário Abílio Diniz.
Eles encerraram ontem a greve,
depois de 16 dias sem comer, afirmando que suspenderam o movimento diante da "garantia dos benefícios da progressão penal", ou
seja, de que poderão passar a cumprir pena em regime semi-aberto.
O secretário Azevedo Marques
participou do anúncio do final do
impasse representando o governo
do Estado.
A proposta havia sido feita havia
mais de uma semana pelo juiz da
Vara de Execuções Criminais,
Otávio Augusto Machado de Barros Filho, 45. Depois de receber
um pedido de concessão da progressão penal, feito pelo advogado, ele disse aos presos que estaria
disposto a conceder o benefício
desde que a greve fosse suspensa.
Barros Filho disse que os presos
reúnem todos os requisitos para
obter o benefício do semi-aberto,
que permite ao interno sair da cadeia para trabalhar durante o dia e
voltar para a prisão à noite.
O secretário diz que a lei será
cumprida e que não houve concessão aos presos, mas que não há
certeza de que o benefício será
concedido.
Mas o próprio Barros Filho admite que, se a greve de fome não
tivesse sido feita, ele talvez não tivesse analisado os pedidos com a
mesma atenção nem os presos estariam tão perto de receber o regime semi-aberto.
Revolta
Um dos temores de Azevedo
Marques, desde que a greve de fome começou, era que o movimento se espalhasse pelo complexo penitenciário do Carandiru, onde estavam os sequestradores.
Ontem pela manhã, depois do
anúncio do final da greve, houve
um início de rebelião na prisão feminina. As presas pararam as atividades ao saber que as sequestradoras Maria Emília Marchi e
Christine Lamont receberiam o
regime semi-aberto.
Até o final da tarde, as presas
continuavam no pátio, mas o movimento havia sido contido. Elas
alegam que também teriam direito
a benefícios e exigem assistência
judiciária.
As sequestradoras foram transferidas ontem mesmo para a Penitenciária Feminina do Butantã.
Dieta
A primeira refeição dos sequestradores ontem, no almoço, foi
uma sopa de legumes.
Até sexta-feira, quando passam
a comer normalmente e devem ter
a sua condição física recuperada,
os presos terão alimentação especial, principalmente de líquidos.
Uma preocupação especial, segundo o médico Paulo César Sampaio, é que eles não tomem nada
com açúcar nos primeiros dias, o
que poderia causar um desequilíbrio no organismo, já que tiveram
forte baixa de glicose no sangue.
Eles também deverão tomar suco de laranja para repôr potássio.
Segundo o médico, eles resistiram bem à greve e não devem ter
sequelas nem problemas de saúde
em decorrência da falta de alimentação.
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