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Seca faz Nordeste decretar calamidade pública
ADELSON BARBOSA
free-lance para a Agência Folha
O prefeito interino de Campina Grande, Lindaci Medeiros (PMDB), decretou anteontem estado de calamidade pública no município por causa da seca.
Campina Grande (130 km a oeste de João Pessoa) é a segunda cidade mais populosa e a segunda mais importante da Paraíba, com cerca de 340 mil habitantes, segundo o IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística).
Medeiros disse que a falta de água, a fome e a miséria "estão atacando a população na zona rural de Campina Grande".
"Decretei calamidade porque as previsões de uma grande seca estão se confirmando, em consequência do fenômeno meteorológico El Niño", disse o prefeito.
Segundo ele, não choveu durante o mês de abril em Campina Grande, nem nos municípios da região.
O Laboratório de Meteorologia da Paraíba, que fica na cidade, informou ontem que, entre janeiro e março, choveu apenas 96,3 milímetros no município.
Segundo o meteorologista Patrice Rolando da Silva Oliveira, deveria ter chovido pelo menos 190,5 milímetros. O déficit de chuvas no município este ano foi de 59,1%.
Relatório divulgado pelo laboratório aponta que a região do Cariri, uma das mais pobres do Brasil, é a mais castigada pela seca.
O déficit de chuvas no Cariri este ano foi de 77,5%. Deveria ter chovido 204 milímetros entre janeiro e março. Choveu 46,1 milímetros.
O açude Epitácio Pessoa, que abastece Campina Grande, está com apenas 34% do volume de água.
De acordo com o Dnocs (Departamento Nacional de Obras Contra a Seca), o açude, que tem capacidade para 536 milhões de metros cúbicos de água, tem cerca de 195 milhões.
O gerente do escritório do Dnocs na região, Renato Avelar, disse que será necessário racionar água para evitar o colapso total no abastecimento no próximo ano.
Segundo ele, em agosto, quando começa o verão no município, o açude, que abastece outros oito municípios da região, terá apenas 114 milhões de metros cúbicos, o suficiente para suportar mais um ano.
O açude Epitácio Pessoa deverá abastecer mais sete municípios até o final deste ano.
O governo estadual vai construir uma adutora de 160 quilômetros entre o açude, que fica no município de Boqueirão, e o município de Soledade, onde a população é obrigada a comprar água, ou a consumir água salgada dos poços artesianos.
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