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SAÚDE
Queda no número de casos de queimaduras foi de 65% nos seis meses seguintes à proibição de venda do produto líquido
Álcool gel reduz o número de acidentes
DA REPORTAGEM LOCAL
Levantamento da Sociedade
Brasileira de Queimadura (SBQ)
em 56 centros de tratamentos de
queimados no Brasil mostra que o
número de acidentes por álcool
teve redução média de 65% após a
proibição pela Anvisa (Agência
Nacional de Vigilância Sanitária),
em agosto, da comercialização de
álcool líquido com grande poder
de combustão (96º GL).
O estudo abrangeu as ocorrências registradas após seis meses da
implantação da medida. Segundo
a SBQ, aproximadamente 45 mil
crianças são queimadas por álcool todo ano.
Para o presidente da SBQ, Edmar Maciel, 47, a diminuição dos
acidentes está relacionada ao fato
de o álcool gel ser comercializado
em embalagem plástica mais resistente, ter um "odor repugnante", que inibe as brincadeiras, ter
menor poder de combustão e
apresentar rótulo de advertência.
Maciel diz que o álcool gel tende
a provocar queimaduras menos
graves do que o álcool líquido. Isso, segundo ele, significa um menor custo para o Estado com tratamento. Segundo o Ministério da
Saúde, o custo diário do tratamento de um paciente "grande
queimado" é de R$ 1.200 a R$
1.500, sem levar em conta a reabilitação e os custos indiretos.
De acordo com o levantamento
da SBQ, a maior causa de acidentes no Brasil são os líquidos aquecidos (como água, sopa e café).
O álcool vem em segundo lugar.
Os acidentes ocorrem com mais
frequência na cozinha, e a faixa
etária mais atingida é de crianças
até 12 anos, com 33% das ocorrências. Maciel afirma que a
maioria das queimaduras por álcool é provocada durante churrascos, quando o líquido é usado
para acender a churrasqueira.
Segundo informações da Anvisa, muitas indústrias ligadas à Associação Brasileira de Produtores
e Envasadores de Álcool (Abraspea) ainda estão fabricando e comercializando álcool líquido em
razão de liminares obtidas na Justiça. A Anvisa recorreu da decisão, mas ainda não houve julgamento dos recursos.
Em São Paulo, dados da Unidade de Queimados do Hospital das
Clínicas mostram que, de setembro de 2002 a fevereiro de 2003,
104 pacientes foram internados.
Desses, 25 foram lesionados pelo álcool, ou seja, uma incidência
de 24,04%, próxima da incidência
"histórica" de queimaduras por
álcool, que gira em torno de 25%.
Segundo informações da unidade, o álcool continua sendo a
principal causa de queimaduras
entre os adultos e a segunda causa
entre crianças.
(CLÁUDIA COLLUCCI)
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