UOL


São Paulo, quinta-feira, 29 de maio de 2003

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

SAÚDE

Queda no número de casos de queimaduras foi de 65% nos seis meses seguintes à proibição de venda do produto líquido

Álcool gel reduz o número de acidentes

DA REPORTAGEM LOCAL

Levantamento da Sociedade Brasileira de Queimadura (SBQ) em 56 centros de tratamentos de queimados no Brasil mostra que o número de acidentes por álcool teve redução média de 65% após a proibição pela Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária), em agosto, da comercialização de álcool líquido com grande poder de combustão (96º GL).
O estudo abrangeu as ocorrências registradas após seis meses da implantação da medida. Segundo a SBQ, aproximadamente 45 mil crianças são queimadas por álcool todo ano.
Para o presidente da SBQ, Edmar Maciel, 47, a diminuição dos acidentes está relacionada ao fato de o álcool gel ser comercializado em embalagem plástica mais resistente, ter um "odor repugnante", que inibe as brincadeiras, ter menor poder de combustão e apresentar rótulo de advertência.
Maciel diz que o álcool gel tende a provocar queimaduras menos graves do que o álcool líquido. Isso, segundo ele, significa um menor custo para o Estado com tratamento. Segundo o Ministério da Saúde, o custo diário do tratamento de um paciente "grande queimado" é de R$ 1.200 a R$ 1.500, sem levar em conta a reabilitação e os custos indiretos.
De acordo com o levantamento da SBQ, a maior causa de acidentes no Brasil são os líquidos aquecidos (como água, sopa e café).
O álcool vem em segundo lugar. Os acidentes ocorrem com mais frequência na cozinha, e a faixa etária mais atingida é de crianças até 12 anos, com 33% das ocorrências. Maciel afirma que a maioria das queimaduras por álcool é provocada durante churrascos, quando o líquido é usado para acender a churrasqueira.
Segundo informações da Anvisa, muitas indústrias ligadas à Associação Brasileira de Produtores e Envasadores de Álcool (Abraspea) ainda estão fabricando e comercializando álcool líquido em razão de liminares obtidas na Justiça. A Anvisa recorreu da decisão, mas ainda não houve julgamento dos recursos.
Em São Paulo, dados da Unidade de Queimados do Hospital das Clínicas mostram que, de setembro de 2002 a fevereiro de 2003, 104 pacientes foram internados.
Desses, 25 foram lesionados pelo álcool, ou seja, uma incidência de 24,04%, próxima da incidência "histórica" de queimaduras por álcool, que gira em torno de 25%.
Segundo informações da unidade, o álcool continua sendo a principal causa de queimaduras entre os adultos e a segunda causa entre crianças. (CLÁUDIA COLLUCCI)


Texto Anterior: Há 50 anos
Próximo Texto: Ação brasileira contra Aids ganha prêmio nos EUA
Índice


UOL
Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.