São Paulo, domingo, 29 de maio de 2005

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SAÚDE/MEDICINA CHINESA

A terapia diminui a freqüência das doenças e encurta o período de uso de medicações

Acupuntura feita a laser é alternativa para crianças

CLÁUDIA COLLUCCI
FERNANDA BASSETTE
DA REPORTAGEM LOCAL

A acupuntura (técnica milenar que consiste no estímulo de pontos determinados da superfície da pele) tem sido utilizada em crianças como coadjuvante no tratamento de infecções virais -resfriados, rinites e sinusites, por exemplo-, muito comuns nesta época do ano. Segundo os pediatras ouvidos pela Folha, esse tipo de terapia diminui a freqüência e também a intensidade das crises, além de encurtar o período de uso de medicações.
Porém, a prática ainda enfrenta a resistência dos pais, que temem que o uso das agulhas possa provocar dor nos filhos. Nessas situações, a acupuntura a laser é uma opção, embora alguns médicos afirmem que o laser não tenha a mesma eficácia das agulhas nesse tipo de tratamento.
Segundo o pediatra acupunturista Norvan Leite, professor do Colégio Médico Brasileiro de Acupuntura, o laser atinge a mesma profundidade das agulhas, mas tem a desvantagem de não ter a mesma sincronicidade na estimulação dos pontos.
Com o laser, cada ponto é estimulado isoladamente. Já na acupuntura feita com as agulhas, todos os pontos de energia são ativados de forma simultânea. "O laser tem 80% da eficácia das agulhas", diz o acupunturista.
A pediatra e acupunturista da Unifesp (Universidade Federal de São Paulo), Elisabete Carneiro, diz que o tratamento a laser é uma alternativa, mas não há eficácia em todos os casos.
"Na região dos olhos, perto de glândulas e cartilagens, por exemplo, o laser não pode ser usado porque a radiação é muito forte e pode provocar lesões". Ela reforça, entretanto, que a técnica funciona muito bem em pontos das extremidades, como pés e mãos.
A pediatra Jerusa Alecrim Andrade, responsável pelo ambulatório de acupuntura da Unicamp (Universidade Estadual de Campinas), trabalha apenas com a técnica de agulhas nas crianças. Segundo ela, ainda não há relatos na literatura que comprovem a eficácia do tratamento feito com laser.

Processo
Ao aplicar a agulha no corpo da criança, há a liberação de uma substância -um neurotransmissor (um carregador de mensagens químicas entre as células nervosas) conhecido como somastina- que tem efeito analgésico.
A partir daí, a criança não sente mais dor e várias reações são desencadeadas, estimulando o sistema imunológico e alcançando o efeito terapêutico desejado, por meio da restauração do equilíbrio. "Trabalhando com medicamentos e acupuntura, com certeza a criança vai adoecer cada vez menos", afirmou Elisabete.
As indicações mais comuns são a hiperatividade, insônia, dores musculares, diarréia, enurese noturna -urinar na cama após três anos-, resfriados, rinites, asma e dores de cabeça.

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