São Paulo, domingo, 29 de maio de 2005

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Light ajudou a configurar sistema

DA REPORTAGEM LOCAL

A companhia canadense Light and Power Co. foi quase tão decisiva para a atual configuração do sistema hídrico de São Paulo quanto os governos municipais e estaduais, defende a geógrafa Vanderli Custódio, da USP (Universidade de São Paulo).
Em sua tese de doutorado, "A persistência das inundações na Grande São Paulo", a geógrafa cita várias intervenções feitas pela Light nos rios da cidade. Em 1925, por exemplo, a empresa deu início ao projeto que alterava o curso natural do rio Pinheiros. A meta era levar as águas do rio até o alto da serra do Mar, de onde elas seriam lançadas para acionar as hidrelétricas de Cubatão 1 e 2.
Três anos depois, o rio Pinheiros começou a ser retificado. Para realizar a obra, assim como a adequação das várzeas à construção das marginais, a empresa combinou com o governo estadual que ela receberia as áreas afetadas nas enchentes do rio. "A Light se apoderou do terreno", diz Custódio.
Esse acordo levou à suspeita de que a empresa tenha fechado as comportas da barragem de Parnaíba (que ela havia inaugurado em 1901) para tornar ainda mais forte a enchente de 1929 e, assim, ampliar a área que receberia. Esses terrenos foram vendidos nos anos 70 e hoje constituem uma das áreas mais nobres da cidade.
Outra obra polêmica foi a elevação da barragem de Parnaíba em 1954 -o aumento no nível das águas tornou o Tietê ainda mais lento e isso foi associado a novas inundações. A meta era aumentar a produção de energia para evitar uma crise no abastecimento.
Para o engenheiro Júlio Cerqueira César Neto, da Agência de Bacia do Alto Tietê, é difícil avaliar se as ações da Light foram certas ou erradas. "Temos que ver o contexto. Na época, as hidrelétricas de Cubatão permitiram o desenvolvimento da metrópole."

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