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Light ajudou a configurar sistema
DA REPORTAGEM LOCAL
A companhia canadense Light
and Power Co. foi quase tão decisiva para a atual configuração do
sistema hídrico de São Paulo
quanto os governos municipais e
estaduais, defende a geógrafa
Vanderli Custódio, da USP (Universidade de São Paulo).
Em sua tese de doutorado, "A
persistência das inundações na
Grande São Paulo", a geógrafa cita várias intervenções feitas pela
Light nos rios da cidade. Em 1925,
por exemplo, a empresa deu início ao projeto que alterava o curso
natural do rio Pinheiros. A meta
era levar as águas do rio até o alto
da serra do Mar, de onde elas seriam lançadas para acionar as hidrelétricas de Cubatão 1 e 2.
Três anos depois, o rio Pinheiros começou a ser retificado. Para
realizar a obra, assim como a adequação das várzeas à construção
das marginais, a empresa combinou com o governo estadual que
ela receberia as áreas afetadas nas
enchentes do rio. "A Light se apoderou do terreno", diz Custódio.
Esse acordo levou à suspeita de
que a empresa tenha fechado as
comportas da barragem de Parnaíba (que ela havia inaugurado
em 1901) para tornar ainda mais
forte a enchente de 1929 e, assim,
ampliar a área que receberia. Esses terrenos foram vendidos nos
anos 70 e hoje constituem uma
das áreas mais nobres da cidade.
Outra obra polêmica foi a elevação da barragem de Parnaíba em
1954 -o aumento no nível das
águas tornou o Tietê ainda mais
lento e isso foi associado a novas
inundações. A meta era aumentar
a produção de energia para evitar
uma crise no abastecimento.
Para o engenheiro Júlio Cerqueira César Neto, da Agência de
Bacia do Alto Tietê, é difícil avaliar se as ações da Light foram certas ou erradas. "Temos que ver o
contexto. Na época, as hidrelétricas de Cubatão permitiram o desenvolvimento da metrópole."
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