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GUERRA URBANA
Legistas atestam massacre de policiais
Nove casos de assassinatos de agentes de segurança pelo PCC foram localizados entre os 132 laudos do IML Central
Documentos mostram disparos na cabeça e no rosto e sugerem que criminosos estavam bem armados; escrivão levou 19 tiros
DA REPORTAGEM LOCAL
Nove casos de policiais mortos em ataques do PCC foram
localizados pela Defensoria Pública do Estado de São Paulo
entre os 132 rascunhos de laudos do IML Central.
A perícia atesta a violência
dos ataques e confirma os relatos de que os agentes foram pegos desprevenidos. Em oito casos, os policiais receberam tiros
na cabeça. Em dois, no rosto.
Outros três foram vítimas provavelmente de espingarda calibre 12, cujo tiro causa vários ferimentos no corpo.
O escrivão Ailton Carlos de
Santana, 28, que foi morto
quando estava de folga, próximo de sua casa, recebeu 19 tiros, sendo três deles na cabeça
e um na nuca. Também suas
mãos e antebraço foram atingidos, o que pode indicar que o
policial tentava se defender dos
criminosos que o atacavam.
O rascunho do laudo do carcereiro Elias Pereira Dantas,
44, mostra que ele levou dois tiros. A arma utilizada, provavelmente de calibre 12, destruiu
seu rosto e causou cinco ferimentos nas costas. O policial civil Tamer Ramos Orlando, 34,
levou três tiros no rosto.
O bombeiro João Alberto da
Costa, 40, que não portava arma e foi cercado por um grupo
que desceu de um carro, foi
morto por dois tiros, um no
ombro esquerdo e outro na lateral esquerda do abdome. Costa tentava avisar outros colegas
sobre a possibilidade de ataques quando foi atingido.
Falsa ocorrência
Vencedor de prêmio de melhor policial do ano em 2004
por sua atuação durante um assalto, o policial militar Wilson
de Jesus Santos, 38, foi uma vítima fácil. Estava distraído,
após chegar para atender a uma
falsa ocorrência em Parelheiros, zona sul. Segundo os legistas do IML Central, foi alvo de
nove tiros, um deles na cabeça.
"Verifica-se que a quantidade de lesões de arma de fogo
nos policiais é muito maior do
que em civis. Além disso, há
prevalência de lesões na cabeça
e com arma de grosso calibre",
diz o subdefensor público do
Estado, Pedro Giberti.
A defensoria, que é um órgão
de defesa de carentes, destaca
que atuará tanto na defesa das
famílias de civis que possam ter
morrido em supostos abusos
policiais como na de famílias
dos próprios policiais vítimas
da facção criminosa. Em geral,
são aceitas pessoas que ganham
até três salários mínimos, mas é
possível fazer avaliações caso a
caso.
"A defensoria está a disposição dos familiares das vítimas
policiais e civis para realizar o
acompanhamento do inquérito
policial e propor as medidas judiciais cabíveis."
O atendimento a familiares
de vítimas civis e policiais ocorre no Fórum Criminal da Barra
Funda, de segunda a sexta, das
13h às 18h. O endereço é avenida Abrahão Ribeiro, 313.
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