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Soltos PMs acusados de matar motoboy
Os 12 policiais foram libertados ontem, ao final da prisão temporária; vítima teria sido torturada até a morte
Segundo o Ministério Público, promotor só recebeu o inquérito da Corregedoria da PM na 5ª e não pôde analisá-lo
AFONSO BENITES
DE SÃO PAULO
Os 12 policiais militares
acusados de torturar e assassinar o motoboy Eduardo
Luís Pinheiro dos Santos, 30,
no mês passado em São Paulo foram libertados na madrugada de ontem.
O rapaz foi morto depois
de ser preso pelo envolvimento em uma briga e levado
a um quartel da PM na Casa
Verde (zona norte). O correto
seria levá-lo a uma delegacia.
Conforme a PM, os 12 acusados foram libertados devido ao término do período da
prisão temporária de 30 dias.
Até a noite de ontem, nenhum pedido de prorrogação
da prisão do grupo fora feito.
A Corregedoria da PM concluiu sua investigação e sugeriu que fosse decretada a
prisão preventiva dos acusados. Porém, segundo a assessoria do Ministério Público, o
promotor Marcos Ihara, do 2º
Tribunal do Júri de Santana,
só recebeu o inquérito anteontem e, por isso, não teve
tempo de analisá-lo.
Na noite de 9 de abril, os 12
policiais atuavam na 1ª Companhia do 9º Batalhão quando o motoboy se envolveu em
uma briga por causa da bicicleta de um amigo que fora
furtada. Ele foi levado por policiais para o quartel da PM.
No dia seguinte, seu corpo foi
achado em uma rua, com
marcas de tortura.
O caso levou o secretário
da Segurança Pública, Antônio Ferreira Pinto, a dizer que
não há dúvida de que a morte
resultou de tortura policial e
o governador Alberto Goldman (PSDB) a classificá-la de
"deplorável" e "inaceitável".
Agora, segundo a PM, o
sargento Wagner Rosa, a tenente Andressa Sartoreto e
os soldados Raphael Cardoso, Nelson Soares, Alexandre
Seidel, Ismael de Jesus, Rodrigo Monteiro, Antonio Rapelli Jr., Jair Honorato Jr., Fernando Lobato, Rafael Meneguini e Jordana Pereira terão
funções administrativas.
OUTRO LADO
No inquérito que corre na
Corregedoria, todos os investigados negaram envolvimento na morte do motoboy.
A advogada Juliana Gennarini -defensora da tenente Andressa e dos soldados
Meneguini e Jordana- disse
que os clientes viram os outros policiais falando com
uma pessoa no batalhão,
mas não presenciaram nem
participaram das agressões.
Já Paulo Maiolino, advogado dos demais PMs, afirmou
que não foi autorizado a comentar o caso.
A mãe da vítima, Elza dos
Santos, 62, diz que o filho foi
morto por ser negro. Ontem,
ao saber da liberação do grupo, afirmou que ficou triste,
mas que confia na Justiça.
O caso do motoboy foi o
primeiro de uma série de outros em que ocorreram ações
violentas de policiais e que
vieram à tona no último mês.
Por conta disso, o comando da PM promoveu uma série de trocas em cargos de comando -11 comandantes e o
corregedor foram trocados.
Um mês após o crime, outro motoboy foi morto por
PMs, dessa vez na zona sul.
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