São Paulo, sábado, 29 de maio de 2010

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Soltos PMs acusados de matar motoboy

Os 12 policiais foram libertados ontem, ao final da prisão temporária; vítima teria sido torturada até a morte

Segundo o Ministério Público, promotor só recebeu o inquérito da Corregedoria da PM na 5ª e não pôde analisá-lo

AFONSO BENITES
DE SÃO PAULO

Os 12 policiais militares acusados de torturar e assassinar o motoboy Eduardo Luís Pinheiro dos Santos, 30, no mês passado em São Paulo foram libertados na madrugada de ontem.
O rapaz foi morto depois de ser preso pelo envolvimento em uma briga e levado a um quartel da PM na Casa Verde (zona norte). O correto seria levá-lo a uma delegacia.
Conforme a PM, os 12 acusados foram libertados devido ao término do período da prisão temporária de 30 dias. Até a noite de ontem, nenhum pedido de prorrogação da prisão do grupo fora feito.
A Corregedoria da PM concluiu sua investigação e sugeriu que fosse decretada a prisão preventiva dos acusados. Porém, segundo a assessoria do Ministério Público, o promotor Marcos Ihara, do 2º Tribunal do Júri de Santana, só recebeu o inquérito anteontem e, por isso, não teve tempo de analisá-lo.
Na noite de 9 de abril, os 12 policiais atuavam na 1ª Companhia do 9º Batalhão quando o motoboy se envolveu em uma briga por causa da bicicleta de um amigo que fora furtada. Ele foi levado por policiais para o quartel da PM. No dia seguinte, seu corpo foi achado em uma rua, com marcas de tortura.
O caso levou o secretário da Segurança Pública, Antônio Ferreira Pinto, a dizer que não há dúvida de que a morte resultou de tortura policial e o governador Alberto Goldman (PSDB) a classificá-la de "deplorável" e "inaceitável".
Agora, segundo a PM, o sargento Wagner Rosa, a tenente Andressa Sartoreto e os soldados Raphael Cardoso, Nelson Soares, Alexandre Seidel, Ismael de Jesus, Rodrigo Monteiro, Antonio Rapelli Jr., Jair Honorato Jr., Fernando Lobato, Rafael Meneguini e Jordana Pereira terão funções administrativas.

OUTRO LADO
No inquérito que corre na Corregedoria, todos os investigados negaram envolvimento na morte do motoboy.
A advogada Juliana Gennarini -defensora da tenente Andressa e dos soldados Meneguini e Jordana- disse que os clientes viram os outros policiais falando com uma pessoa no batalhão, mas não presenciaram nem participaram das agressões.
Já Paulo Maiolino, advogado dos demais PMs, afirmou que não foi autorizado a comentar o caso.
A mãe da vítima, Elza dos Santos, 62, diz que o filho foi morto por ser negro. Ontem, ao saber da liberação do grupo, afirmou que ficou triste, mas que confia na Justiça.
O caso do motoboy foi o primeiro de uma série de outros em que ocorreram ações violentas de policiais e que vieram à tona no último mês.
Por conta disso, o comando da PM promoveu uma série de trocas em cargos de comando -11 comandantes e o corregedor foram trocados.
Um mês após o crime, outro motoboy foi morto por PMs, dessa vez na zona sul.


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