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Agentes programam protesto para hoje
Sindicato quer parar atendimento aos presos e barrar a entrada de alimentos e medicamentos levados pelos familiares
Dez funcionários foram mortos desde o início dos ataques promovidos pelo PCC, em maio; hipótese é que eles sejam o novo alvo
REPORTAGEM LOCAL
Assustados com os novos
atentados, agentes penitenciários prometem paralisar o
atendimento aos presos, visitas, banhos de sol, além de não
permitir a entrada de alimentação e medicamentos nas prisões a partir da 0h de hoje. Desde o início dos ataques do PCC,
em maio, dez agentes já foram
mortos. A polícia investiga a
possibilidade de que eles, chamados pelos criminosos de
"calças azuis", tenham se tornado o novo alvo da facção.
Segundo o Sindasp (Sindicato dos Agentes de Segurança
Penitenciária do Estado de São
Paulo), a mobilização deve
atingir toda a categoria.
Ontem, houve protestos não-coordenados em unidades prisionais do Estado. No CDP da
Vila Independência, na Vila
Prudente, por exemplo, parentes não puderam entrar com o
chamado "jumbo" -alimentos
e objetos pessoais levados para
os presos.
Após a confirmação do assassinato do agente Nilton Celestino, 41, em Itapecerica da Serra
(Grande São Paulo), era quase
consenso entre os agentes a necessidade de se armar para enfrentar os novos ataques do
PCC. No próprio CDP de Itapecerica, uma lista com 15 nomes
de agentes e seus endereços foi
encontrada, o que aumentou a
apreensão.
O porte de arma é proibido
-a Comissão de Constituição e
Justiça do Senado aprovou ontem projeto de lei que autoriza
os agentes a portar armas de fogo fora do expediente. A matéria, no entanto, ainda precisa
ser votada pela Comissão de
Relações Exteriores e Defesa
Nacional antes de ser enviada à
Câmara dos Deputados.
Embora o uso de armas seja
ilegal, funcionários do CDP do
Belém, na zona leste, disseram,
sem se identificar, ter obtido
revólveres (emprestados e
comprados) para voltar para
casa. "Tem polícia que quando
vê que é agente até deixa passar, mas a maioria pega. Toda
semana tem agente preso."
Outro agente, também no
Belém, afirmou ter ouvido de
um detento que a categoria foi
escolhida justamente porque
anda desarmada. "Policiais militares e civis andam armados e
estão mais preparados para um
confronto. A gente, não."
Entre os funcionários do setor administrativo, a precaução
inclui até retirar a identificação
da Secretaria da Administração
Penitenciária dos carros. Diretores de unidades do interior
receberam recomendação da
SAP para não andar sozinhos. O
temor é que familiares sejam
usados em seqüestros como
moeda de troca por criminosos.
(ANDRÉ CARAMANTE E RICARDO GALLO)
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