São Paulo, quinta-feira, 29 de junho de 2006

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Agentes programam protesto para hoje

Sindicato quer parar atendimento aos presos e barrar a entrada de alimentos e medicamentos levados pelos familiares

Dez funcionários foram mortos desde o início dos ataques promovidos pelo PCC, em maio; hipótese é que eles sejam o novo alvo


REPORTAGEM LOCAL

Assustados com os novos atentados, agentes penitenciários prometem paralisar o atendimento aos presos, visitas, banhos de sol, além de não permitir a entrada de alimentação e medicamentos nas prisões a partir da 0h de hoje. Desde o início dos ataques do PCC, em maio, dez agentes já foram mortos. A polícia investiga a possibilidade de que eles, chamados pelos criminosos de "calças azuis", tenham se tornado o novo alvo da facção.
Segundo o Sindasp (Sindicato dos Agentes de Segurança Penitenciária do Estado de São Paulo), a mobilização deve atingir toda a categoria.
Ontem, houve protestos não-coordenados em unidades prisionais do Estado. No CDP da Vila Independência, na Vila Prudente, por exemplo, parentes não puderam entrar com o chamado "jumbo" -alimentos e objetos pessoais levados para os presos.
Após a confirmação do assassinato do agente Nilton Celestino, 41, em Itapecerica da Serra (Grande São Paulo), era quase consenso entre os agentes a necessidade de se armar para enfrentar os novos ataques do PCC. No próprio CDP de Itapecerica, uma lista com 15 nomes de agentes e seus endereços foi encontrada, o que aumentou a apreensão.
O porte de arma é proibido -a Comissão de Constituição e Justiça do Senado aprovou ontem projeto de lei que autoriza os agentes a portar armas de fogo fora do expediente. A matéria, no entanto, ainda precisa ser votada pela Comissão de Relações Exteriores e Defesa Nacional antes de ser enviada à Câmara dos Deputados.
Embora o uso de armas seja ilegal, funcionários do CDP do Belém, na zona leste, disseram, sem se identificar, ter obtido revólveres (emprestados e comprados) para voltar para casa. "Tem polícia que quando vê que é agente até deixa passar, mas a maioria pega. Toda semana tem agente preso."
Outro agente, também no Belém, afirmou ter ouvido de um detento que a categoria foi escolhida justamente porque anda desarmada. "Policiais militares e civis andam armados e estão mais preparados para um confronto. A gente, não."
Entre os funcionários do setor administrativo, a precaução inclui até retirar a identificação da Secretaria da Administração Penitenciária dos carros. Diretores de unidades do interior receberam recomendação da SAP para não andar sozinhos. O temor é que familiares sejam usados em seqüestros como moeda de troca por criminosos.
(ANDRÉ CARAMANTE E RICARDO GALLO)

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