São Paulo, Terça-feira, 29 de Junho de 1999
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CASSADO
Advogado de defesa diz que a denúncia é nula e que vai entrar com um mandado de segurança para reverter a decisão
"Vou continuar a minha vida", diz Viscome

RODRIGO VERGARA
da Reportagem Local

Faltavam ainda dois votos para a confirmação da cassação quando Vicente Viscome se levantou e foi em direção à saída do plenário.
Mas a apuração foi mais rápida. Antes de chegar à porta, Viscome foi envolvido pelos aplausos e gritos vindos do público presente e dos demais parlamentares que comemoravam os dois votos finais e a perda de seu mandato. Quando pisou fora da sala, já não era mais vereador.
"É um direito que eles (os vereadores) têm. Não quero comentar. Eles acharam que foram justos, e eu vou continuar minha vida. O que que eu posso fazer?", afirmou Viscome, em uma rápida e tumultuada entrevista concedida na garagem da Câmara.
Ele saiu dali em um carro da Polícia Civil, rumo ao 29º DP, onde continuará cumprindo prisão preventiva até que estejam esgotados os recursos à decisão de ontem, segundo o juiz-corregedor Maurício Lemos Porto Alves.
As declarações de Viscome foram bem mais brandas do que ameaçavam seus assessores nos dias que antecederam a votação.
Na hipótese de cassação, os assessores diziam que Viscome "sabia muito" sobre os demais parlamentares e que faria denúncias. Não foi o que houve.
A reação ficou por conta de seu advogado, Ademar Gomes, que disse que impetrará até sexta-feira, um mandado de segurança junto ao STJ (Superior Tribunal de Justiça) pedindo a anulação da votação.
"A denúncia é nula e inepta, porque se baseia no decreto-lei 201, de 1967, que não tem mais valor. Ninguém pode ser condenado com base em uma lei que não existe. O julgamento foi político", disse o advogado.
Após a decisão final, Viscome não demonstrou tristeza ou nervosismo. Pareceu apressado e ansioso por se livrar dos repórteres.
Na carceragem do 29º DP, onde divide uma cela com dois ex-assessores da Administração Regional da Penha, o já ex-vereador não fez comentários com o carcereiro ou com os policiais do distrito. Alegou estar com dor de cabeça e não deu entrevistas.


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