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JUSTIÇA
Decisão contraria idéia do ministro da Justiça, Márcio Thomaz Bastos, e até mesmo promessa do programa de governo
Lula decide manter Senad com militares
IURI DANTAS
LUCIANA CONSTANTINO
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
Apesar da posição contrária do
ministro da Justiça, Márcio Thomaz Bastos, e da promessa prevista no programa de governo do PT,
o presidente Luiz Inácio Lula da
Silva decidiu manter a Senad (Secretaria Nacional Antidrogas) ligada ao GSI (Gabinete de Segurança Institucional).
"O presidente ficou muito à
vontade para tomar a decisão. Como julgamos que a Senad está
funcionando muito bem, a decisão do presidente foi mantê-la
[onde está]", disse o general Jorge
Armando Felix, ministro-chefe
do GSI.
A decisão foi tomada há cerca
de dois meses, quando Lula se
reuniu com Bastos e Felix. Foi feita uma avaliação sobre o desempenho da secretaria e o presidente
determinou, então, que ela permanecesse com os militares.
Os especialistas em segurança
pública do PT defenderam na
campanha eleitoral que ficasse
sob o Ministério da Justiça tanto a
prevenção (levada a cabo pela Senad) quanto a repressão ao consumo de drogas (atribuição da
Polícia Federal, vinculada à pasta
de Bastos).
Com o início do governo, o Ministério da Saúde aliou-se a essa
mesma concepção. A tal ponto
que passou a constar da política
oficial da pasta a descriminalização do usuário de drogas, alterando o enfoque para uma questão
de saúde pública e não de combate à violência.
Consultados pela reportagem,
os ministérios da Saúde e da Justiça preferiram não comentar a decisão de Lula.
A manutenção da Senad sob
responsabilidade de militares reacende uma polêmica trazida a tona por técnicos da Saúde: a Justiça
terapêutica. Quando um usuário
de drogas é detido pela polícia,
por exemplo, a internação é obrigatória, sendo acompanhada de
perto pelo Ministério Público.
Esse modelo já é utilizado em 14
Estados do país e vai contra a filosofia da equipe da pasta da Saúde,
que prefere oferecer o tratamento
in loco ou em centros de atenção a
dependentes.
A diferença de abordagem reflete uma questão mais complexa. A
metodologia da Senad até hoje
pressupõe que é possível eliminar
o consumo de drogas na sociedade. Já os técnicos petistas da Saúde, que participaram da elaboração do plano de campanha de Lula, insistem no formato de redução de danos. Ou seja: como é impossível impedir o consumo, que
se consiga, ao menos, minimizar
os danos à saúde do dependente.
Segundo o general Felix, o governo deve incentivar a adoção de
penas alternativas para usuários.
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