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passei por isso
"Não entro no avião sem tomar tranqüilizantes"
DA REPORTAGEM LOCAL
Já fiz algumas viagens de
avião na minha vida, mas
sempre me vinha o pensamento de que estava assinando uma sentença de morte.
Nunca entrou na minha cabeça como uma máquina tão pesada como essa pode voar.
Não consigo achar isso natural de jeito nenhum. E um acidente é sempre fatal.
O medo é muito intenso.
Quando começa a decolagem,
já agarro a mão de quem estiver do meu lado. Fico o tempo
todo controlando a expressão
das aeromoças. Preciso vê-las
sorrindo sempre.
Ao menor sinal de tensão
que percebo -um andar mais
rápido, um olho arregalado-,
já fico em pânico.
Não entro no avião sem tomar tranqüilizantes. E a pior
hora, para mim, é quando já
estamos no alto, e as pessoas
apagam as luzes e ficam quietas, dormindo. Aí, não posso
nem me distrair do medo, fico
pensando que aquele troço
pode cair a qualquer momento. Não durmo. E, se por acaso
caio no sono, já acordo extremamente assustada.
Agora, o que afeta até mais
do que o acidente da TAM é o
caos aéreo. De repente, parece que virou normal ter uma
turbina que estraga ou um
avião que derrapa na pista.
Estou com uma viagem
programada para Paris, pretendo morar lá, mas não gostaria de ir de avião. Já fiz várias pesquisas de preço de navio. Por outro lado, não quero
deixar esse medo me dominar. Estou fazendo tratamento desde o começo do ano.
Melhorou, mas ainda não resolveu totalmente. O problema, acho, é que não entendo
nada sobre o funcionamento
do avião, não tenho como saber se algo está dando errado.
Lembro que, quando estive
na França pela primeira vez,
resolvi fazer uma viagem pelo
país. Só consegui entrar no
avião depois de beber uns três
ou quatro chopes.
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