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Prefeitura não mapeou rota de fretados
Técnicos admitem que faltou planejamento para identificar para onde iriam os ônibus vetados; gestão Kassab nega
Precariedade dos espaços de embarque e de desembarque criados para os fretados, atingindo ruas residenciais, também foi criticada
Caio Guatelli/Folha Imagem
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Manifestantes discutem com motoristas durante protesto, que fechou pistas da av. Dr. Arnaldo, contra a restrição aos fretados
DA REPORTAGEM LOCAL
Apesar dos transtornos nos
primeiros dias de restrição aos
ônibus fretados, a Prefeitura de
São Paulo voltou a negar que a
medida não tenha tido um planejamento adequado.
Mas técnicos da CET, da
SPTrans (empresa municipal
que cuida do transporte coletivo) e da própria Secretaria de
Transportes admitiam, em
conversas reservadas, que uma
das principais falhas foi a falta
de um mapeamento para identificar para onde iriam os fretados que foram vetados na região central e seus horários de
concentração.
Como cada fretado podia escolher entre os 14 pontos definidos pela prefeitura, a gestão
Kassab imaginava que os ônibus vetados se dividiriam entre
diversos bolsões -mas houve
acúmulo grande em estações
como Sumaré e Imigrantes do
metrô, provocando superlotação e trânsito no entorno.
A prefeitura previa, por
exemplo, que os ônibus que vinham da zona leste iriam desembarcar na estação Brás do
metrô (linha vermelha), mas
muito motoristas optaram pelas estações da linha verde, para
evitar a baldeação, já que a
maioria dos passageiros costuma desembarcar na Paulista.
A prefeitura também acreditava que os veículos chegariam
no metrô entre as 5h e as 9h -a
concentração foi das 7h às 8h.
A Folha apurou que a falta
de planejamento foi até motivo
de discussão entre integrantes
da cúpula do transporte de
Kassab e os tradicionais aliados
do governo José Serra (PSDB).
Dirigentes ligados ao Estado
reclamaram nas últimas semanas que a decisão da prefeitura
sobre os fretados foi tomada
sem consultá-los ou avisá-los
com antecedência -embora
fossem diretamente atingidos
pela migração de passageiros.
Ontem, a situação foi mais
tranquila nas estações de metrô. Para a prefeitura, eventuais falhas no início da vigência do sistema são pontuais e
serão corrigidas.
Ruas sem estrutura
Outra falha apontada foi a
precariedade dos espaços de
embarque e de desembarque
criados para os fretados -atingindo ruas residenciais e estreitas, sem estrutura para receber
veículos desse porte.
Entre as áreas escolhidas pela prefeitura para embarque e
desembarque dos fretados havia ruas estreitas como a Guilherme Barbosa de Mello -travessa da Berrini com só 200
metros de extensão e onde um
grupo de cerca de 50 moradores protestou ontem.
"Aqui é o penico do mundo",
reclamava a aposentada Inês
Rodrigues, 52, ao contestar a
escolha da via para receber os
fretados. O ponto em vigor desde anteontem fica em frente à
garagem de um condomínio e
na mesma calçada em que funcionam um ponto de táxi, uma
parada de ônibus convencionais e vagas de Zona Azul.
Irritados com a dificuldade
para entrar e sair da garagem,
os moradores se reuniram para
obstruir a entrada de fretados.
Devido à rua estreita e de
mão dupla, os fretados que passavam por ela anteontem não
conseguiam ângulo para fazer a
curva e seguir pela marginal. O
jeito encontrado por agentes da
CET foi parar a circulação de
parte da pista local para que os
ônibus concluíssem a manobra.
A Folha apurou que técnicos
defendiam adiar a restrição. A
ideia foi descartada devido à
avaliação de que era melhor
adotá-la nas férias, quando há
menos trânsito.
(ALENCAR IZIDORO, MARIANA BARROS E EVANDRO SPINELLI)
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