São Paulo, quarta-feira, 29 de julho de 2009

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Prefeitura não mapeou rota de fretados

Técnicos admitem que faltou planejamento para identificar para onde iriam os ônibus vetados; gestão Kassab nega

Precariedade dos espaços de embarque e de desembarque criados para os fretados, atingindo ruas residenciais, também foi criticada

Caio Guatelli/Folha Imagem
Manifestantes discutem com motoristas durante protesto, que fechou pistas da av. Dr. Arnaldo, contra a restrição aos fretados

DA REPORTAGEM LOCAL

Apesar dos transtornos nos primeiros dias de restrição aos ônibus fretados, a Prefeitura de São Paulo voltou a negar que a medida não tenha tido um planejamento adequado.
Mas técnicos da CET, da SPTrans (empresa municipal que cuida do transporte coletivo) e da própria Secretaria de Transportes admitiam, em conversas reservadas, que uma das principais falhas foi a falta de um mapeamento para identificar para onde iriam os fretados que foram vetados na região central e seus horários de concentração.
Como cada fretado podia escolher entre os 14 pontos definidos pela prefeitura, a gestão Kassab imaginava que os ônibus vetados se dividiriam entre diversos bolsões -mas houve acúmulo grande em estações como Sumaré e Imigrantes do metrô, provocando superlotação e trânsito no entorno.
A prefeitura previa, por exemplo, que os ônibus que vinham da zona leste iriam desembarcar na estação Brás do metrô (linha vermelha), mas muito motoristas optaram pelas estações da linha verde, para evitar a baldeação, já que a maioria dos passageiros costuma desembarcar na Paulista.
A prefeitura também acreditava que os veículos chegariam no metrô entre as 5h e as 9h -a concentração foi das 7h às 8h.
A Folha apurou que a falta de planejamento foi até motivo de discussão entre integrantes da cúpula do transporte de Kassab e os tradicionais aliados do governo José Serra (PSDB).
Dirigentes ligados ao Estado reclamaram nas últimas semanas que a decisão da prefeitura sobre os fretados foi tomada sem consultá-los ou avisá-los com antecedência -embora fossem diretamente atingidos pela migração de passageiros.
Ontem, a situação foi mais tranquila nas estações de metrô. Para a prefeitura, eventuais falhas no início da vigência do sistema são pontuais e serão corrigidas.

Ruas sem estrutura
Outra falha apontada foi a precariedade dos espaços de embarque e de desembarque criados para os fretados -atingindo ruas residenciais e estreitas, sem estrutura para receber veículos desse porte.
Entre as áreas escolhidas pela prefeitura para embarque e desembarque dos fretados havia ruas estreitas como a Guilherme Barbosa de Mello -travessa da Berrini com só 200 metros de extensão e onde um grupo de cerca de 50 moradores protestou ontem.
"Aqui é o penico do mundo", reclamava a aposentada Inês Rodrigues, 52, ao contestar a escolha da via para receber os fretados. O ponto em vigor desde anteontem fica em frente à garagem de um condomínio e na mesma calçada em que funcionam um ponto de táxi, uma parada de ônibus convencionais e vagas de Zona Azul.
Irritados com a dificuldade para entrar e sair da garagem, os moradores se reuniram para obstruir a entrada de fretados.
Devido à rua estreita e de mão dupla, os fretados que passavam por ela anteontem não conseguiam ângulo para fazer a curva e seguir pela marginal. O jeito encontrado por agentes da CET foi parar a circulação de parte da pista local para que os ônibus concluíssem a manobra.
A Folha apurou que técnicos defendiam adiar a restrição. A ideia foi descartada devido à avaliação de que era melhor adotá-la nas férias, quando há menos trânsito. (ALENCAR IZIDORO, MARIANA BARROS E EVANDRO SPINELLI)


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