|
Texto Anterior | Índice
Flanelinhas rasgam multa para enganar motoristas
Câmeras instaladas no centro flagram também camelôs e venda de drogas
Guardadores esperam que os fiscais apliquem infração para arrancar o aviso que é afixado no pára-brisa dos veículos que eles "vigiavam"
GABRIEL BATISTA
DO "AGORA"
Flanelinhas do centro de São
Paulo estão removendo as multas dos pára-brisas dos carros.
É o que mostram imagens feitas, em menos de um mês de
operação, pelas 21 câmeras de
vigilância instaladas na região.
As câmeras da Guarda Civil
Metropolitana flagraram os
guardadores de carro tirando o
papel que alerta sobre a aplicação da multa por estacionamento em local proibido. A
multa, nesses casos, é de R$ 85,
com quatro pontos. Em caso de
zona azul, R$ 53 e três pontos.
Na maioria dos casos, o flanelinha chega a tirar dois autos de
infração, aplicados primeiro
por um fiscal, depois por outro.
"O motorista só descobre quando recebe, em casa, a notificação", diz o inspetor Evander Simão de Almeida, coordenador
da central de monitoramento.
Em gravação feita entre as
16h e as 17h da última quinta,
um homem retira os autos de
infração de um Celta e de um
Corsa na rua 7 de Abril.
Vestido de casaco bege, ele
observa a aplicação das multas
e, às 16h17, recolhe as autuações. Fica com os autos na mão
até as 16h29, quando encosta
em uma Fiorino, amassa os papéis e os joga sob o veículo.
Com o flagrante das câmeras,
duas motos e um carro da GCM
são enviados e detêm o suspeito -acusado de supressão de
documento público, previsto
no Código Penal, com pena de
dois a seis anos de reclusão.
O sistema fará um mês nesta
quinta. As câmeras cobrem
Anhangabaú, centro histórico e
novo, "cracolândia" e rua 25 de
Março. O número de aparelhos
deve chegar a 35 em 20 dias.
Além dos flanelinhas, as imagens mostram outros crimes.
Segundo o inspetor Almeida,
75% das ocorrências são de
consumo de droga e receptação
(posse de produto roubado).
Os vídeos registram também
uma mudança dos camelôs, que
abandonaram três pontos: a
saída do metrô Anhangabaú, a
esquina da rua Barão de Itapetininga com a avenida Ipiranga
e o cruzamento da rua Direita
com a 15 de Novembro. Com isso, eles estão migrando para
outras áreas, como o Pátio do
Colégio, a região da avenida
Paulista e a 25 de Março. "Eles
estão indo para locais que receberão câmeras posteriormente", disse o inspetor.
"Quando colocaram a câmera na 24 de Maio, o rapa já começou a ficar mais em cima.
Agora colocaram aqui na Barão
de Itapetininga, ficou difícil demais", disse a camelô Dalva
Dantas, de 43 anos.
Outro flagrante levou à prisão de duas pessoas com 240
tubos de cola de sapateiro, no
dia 20, no vale do Anhangabaú.
Texto Anterior: Frase Índice
|