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Iguatemi cresce sobre área contaminada
Local onde está sendo construído um prédio com estacionamento, ao lado do shopping, abrigava um posto de combustíveis
Prefeitura de SP diz que contaminação atinge lençol freático e possivelmente também poços artesianos da região da Faria Lima
JOSÉ ERNESTO CREDENDIO
DA REPORTAGEM LOCAL
O shopping Iguatemi, um dos
mais luxuosos de São Paulo, está se expandindo sobre uma
área contaminada, que inclui a
água subterrânea e possivelmente também os poços artesianos na região da avenida Faria Lima (zona oeste).
A obra, conforme documento
da Procuradoria Geral da Prefeitura de São Paulo, deveria
ser paralisada até que seja investigada a extensão da contaminação do lençol freático.
A expansão do Iguatemi não
obteve as licenças da prefeitura, mas as obras foram autorizadas por decisão da Justiça,
em primeira instância, a qual o
município tenta derrubar.
O impasse ocorreu porque,
segundo a prefeitura, o projeto
original foi modificado a ponto
de necessitar de novas licenças.
Segundo a Cetesb (Companhia Ambiental do Estado de
São Paulo), funcionava no terreno um posto de combustíveis. Durante a obra, foram encontrados dois tanques de
combustíveis enterrados.
A conclusão sobre a contaminação está em ofício enviado
pela Prefeitura de São Paulo à
3ª Vara da Fazenda Pública,
após consulta à Cetesb.
O documento foi anexado ao
processo movido pelo shopping
contra a prefeitura para poder
tocar a obra sem licença.
O local é vizinho ao prédio
em que mora o prefeito Gilberto Kassab (DEM).
Estacionamento
A nova área terá três subsolos e sete andares de estacionamento, num total de 650 vagas.
Em quatro pavimentos, haverá
escritórios. Há três pavimentos
no subsolo, o que exigiu o rebaixamento do lençol freático.
De acordo com consulta da
Cetesb ao DAEE (Departamento de Águas e Energia Elétrica),
há dez poços artesianos no raio
de 500 metros do local.
O shopping é vizinho ao Esporte Clube Pinheiros, que
mantém ao menos quatro poços na sua sede, de onde pode
retirar até 74 mil litros de água
por hora.
De acordo com o documento
da prefeitura, assinado pela arquiteta Rosilene de Toledo
Marciano, "é certa a expansão
da pluma de contaminação para áreas que extrapolam os limites [do shopping]. A continuação das obras sem a delimitação correta das plumas de
contaminação (...) pode colocar
em risco a comunidade do entorno e perpetuar a contaminação das águas subterrâneas",
descreve a arquiteta.
Em julho de 2007, o shopping enviou carta à Cetesb informando sobre a contaminação e requisitou um certificado
para a descontaminação.
O relatório foi apresentado à
Cetesb em setembro de 2007 e
confirmou a existência da contaminação do solo e da água
subterrânea, por presença de
benzeno, tolueno, xileno e naftaleno acima do permitido. Havia ao menos 4.500 toneladas
de solo contaminado.
Apesar do certificado, chamado Cadri, o Iguatemi não
atendeu às exigências da Cetesb, e sofreu nova advertência
em setembro do ano passado, o
que culminou em aplicação de
multa, em 16 de maio deste ano,
de R$ 7.925.
Novamente, o shopping procurou a Cetesb afirmando que o
processo não havia caminhado
porque não havia obtido autorização por parte dos órgãos da
Prefeitura de São Paulo -Subprefeitura de Pinheiros, CET
(Companhia de Engenharia de
Tráfego) e Convias (Departamento de Controle de Uso de
Vias Públicas)- para a execução das sondagens e instalação
dos poços de monitoramento
fora da área da empresa.
Para a Cetesb, a instalação
desses poços é fundamental para a delimitação da pluma de
contaminação.
"A Cetesb aguarda o envio do
relatório dessa investigação,
sob risco de o shopping sofrer
novas penalidades pelo descumprimento das exigências
formuladas", diz a agência.
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