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ANÁLISE
Duplicar ou não duplicar a rodovia dos Tamoios? Os prós e os contras
ORLANDO FONTES LIMA JR.
ESPECIAL PARA A FOLHA
Questões como esta começam a ser cada vez mais comuns na mídia. Se antes a dimensão preponderante das
decisões era apenas econômica, temos agora que, com
grande pertinência, considerar os aspectos sociais e ambientais destas intervenções.
Os quadros técnicos brasileiros dominam hoje, para
não dizer que são ponta tecnológica, as questões construtivas de obras com demandas de baixo impacto
ambiental. Basta o exemplo
da parte nova da rodovia dos
Imigrantes para comprovar.
É claro que fazer intervenções em um dos últimos redutos preservados da serra
do Mar tem um elevado risco
ambiental e, com certeza,
muitas medidas de mitigação e ações compensatórias
deverão ser realizadas.
A questão é saber o que
queremos do futuro e qual a
disposição de pagar com escassos recursos ambientais.
Esta duplicação certamente abrirá uma nova conexão
nacional e global para o mais
importante quadrilátero, não
só paulista, mas brasileiro.
Neste quadrilátero, composto por Sorocaba, Santos,
Campinas e São José dos
Campos, temos a melhor infraestrutura logística da
América Latina (rede rodoferroviária, os aeroportos de
Viracopos e Cumbica, trecho
dutoviário e o porto de Santos) e alguns dos principais
polos de atividades econômicos do tão falado BRIC (Brasil, Rússia, Índia e China).
A inclusão do porto de São
Sebastião ampliaria muito a
competitividade do quadrilátero, do Estado e do país em
termos de comércio global.
Mas não esqueçam que estes conglomerados logísticos
criam os chamados não lugares. Regiões onde os fluxos
de passagem preponderam e
acabam com a identidade local, incluindo sua cultura.
Outro aspecto a se considerar nesta intervenção é sua
contribuição social -quer
seja pela geração de empregos durante sua construção
como depois pelo dinamismo econômico que trará ao
litoral e ao vale do Paraíba.
Novamente não faremos
isso sem custos. Os imóveis
ficarão maiores, as praias,
muito mais congestionadas e
as filas continuarão grandes.
O exemplo da rodovia dos
Imigrantes vale novamente.
A questão é importante?
Sim, e deve ser pautada entre
as mais críticas para o futuro
governador do Estado. Só
que deve ser considerada no
contexto maior do planejamento para o longo prazo e
discutida amplamente e de
forma bem participativa com
os segmentos da sociedade.
Tem que estar inserida na
discussão relativa às infraestruturas de transportes e de
logística. A questão está no
mesmo nível, por exemplo,
da ampliação do porto de
Santos, do próprio porto de
São Sebastião e da construção de novos aeroportos.
ORLANDO FONTES LIMA JR. é professor
associado da Faculdade de Engenharia
Civil, Arquitetura e Urbanismo da Unicamp
e coordenador do LALT (Laboratório de
Aprendizagem em Logística e Transportes)
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