São Paulo, quarta, 29 de outubro de 1997.



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CLIMA
Ventos de mais de 100 km/h arrancaram postes, derrubaram muros e árvores e destelharam 3.000 casas em Itaqui (RS)
Tempestade deixa cidade incomunicável


Vendaval durou 30 minutos na manhã de ontem em Itaqui (RS), segundo relatos

Estão fora de casa 1.712 famílias, devido às chuvas e ventos que atingem a cidade



CARLOS ALBERTO DE SOUZA
da Agência Folha, em Porto Alegre

Uma tempestade com ventos de mais de 100 km/h, segundo estimativa de autoridades locais, que classificaram o fenômeno como um "tornado", destelhou cerca de 3.000 casas e derrubou postes, muros e árvores, ontem, em Itaqui (RS).
O hospital local atendeu 27 pessoas que sofreram ferimentos leves. Uma delas, atingida por um poste, foi removida para Uruguaiana, cidade também localizada na região oeste gaúcha, na fronteira com a Argentina. Não havia registro de mortes até o final da tarde de ontem.
As informações foram dadas à Agência Folha pelo vice-prefeito de Itaqui, Moggar Silva (PMDB). Grande parte do município, de 43 mil habitantes e 11 mil casas, ficou sem luz, telefone e água.
Em algumas ruas o vendaval, atribuído ao fenômeno meteorológico El Niño, derrubou todos os postes. Cerca de 200 casas teriam sido destruídas totalmente.
A Agência Folha conseguiu contato ligando para um telefone celular da prefeitura. "Nunca vi nada parecido em minha vida", declarou o vice-prefeito.
Ele disse que o presidente Fernando Henrique Cardoso e o governador do Estado, Antônio Britto (PMDB), telefonaram para o prefeito José Silas Dubal Goulart (PMDB) para se informar sobre a situação.
"Foi uma tragédia, a cidade ficou arrasada", disse o assessor da prefeitura Daniel Kraetzig.
Segundo ele, o vendaval, que teve início às 8h05 e durou 30 minutos, foi acompanhado de "relâmpagos espetaculares".
O radialista Monteiro Lopes, da rádio Pitangueira, emissora local, transmitiu à tarde um boletim para a rádio Gaúcha, de Porto Alegre. Encerrou-o com um apelo emocionado: "Rezem por nós", pediu ele.
Ele disse que o vento varreu uma área da cidade de 400 metros de largura. Outras zonas não foram atingidas.
Em Itaqui não existe medição da velocidade do vento. O sargento da Aeronáutica Sidnei Leal, que trabalha com informações meteorológicas no aeroporto de Uruguaiana (distante cerca de 100 km de Itaqui), disse que na sua região não houve registro de vendaval.
Afirmou, porém, ser "perfeitamente possível" o fenômeno ter ocorrido em Itaqui sem manifestação em Uruguaiana.
Itaqui foi a cidade mais afetada pela enchente do rio Uruguai, que começou a se agravar por volta do dia 10 passado. O prefeito decretou estado de calamidade pública.
No último dia 20, quando a situação começava a melhorar, uma forte chuva de granizo atingiu a cidade. Até ontem, conforme a Defesa Civil do Estado, Itaqui tinha 1.712 famílias abrigadas fora de suas casas.
Famílias prejudicadas com a tempestade de ontem iriam para escolas ou receberiam lonas da prefeitura.
Apesar de ontem ter chovido o dia todo, as autoridades locais não acreditavam que o rio Uruguai, que já baixou três metros, pudesse transbordar de novo.



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