São Paulo, quarta, 29 de outubro de 1997.



Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

Governo quer fim de biopirataria

da Agência Folha, em Manaus, e do enviado especial a Manaus

O governo vai estimular a formação de um consórcio de empresas e instituições de pesquisa para o desenvolvimento de produtos farmacêuticos derivados de plantas, animais e microorganismos oriundos da floresta amazônica.
A propriedade da tecnologia, patenteável ou não, será dividida entre as entidades que trabalharem no desenvolvimento do produto.
O programa tem o objetivo de combater a biopirataria na Amazônia. O projeto, obtido pela Folha, foi batizado de Probem (Programa Brasileiro de Ecologia Molecular para o Uso Sustentável da Biodiversidade da Amazônia) e vai consumir R$ 54,9 milhões.
O governo brasileiro estima que 25% de todas as drogas prescritas nos EUA contenham substâncias ativas derivadas de plantas desenvolvidas em florestas tropicais.
As populações indígenas dominam o conhecimento sobre aproximadamente 1.300 plantas que contêm princípios ativos com características de antibióticos, narcóticos, abortivos, anticoncepcionais, antidiarréicos, anticoagulantes, fungicidas, anestésicos, antiviróticos e relaxantes musculares.
Três laboratórios de referência serão criados em São Paulo e Amazonas para auxiliar na coleta de amostras, preparação de extratos e determinação da propriedade.
A previsão é que os laboratórios do consórcio resultem na criação do Pólo Tecnológico de Bioindústria da Amazônia, destinado a ampliar a base brasileira de produção de insumos farmacêuticos de origem biológica. A implantação do pólo poderá ter incentivos fiscais.
A utilização da biodiversidade inclui a domesticação de espécies que possam gerar produtos comestíveis e produção de biomassa.
A coleta será feita por grupos ligados às universidades e instituições de pesquisa da região. Os extratos serão preservados, codificados e parte enviada para um laboratório de referência a ser construído em Manaus (AM).
"Não temos dúvidas de que conseguiremos combater a biopirataria", disse o ministro Gustavo Krause (Meio Ambiente, Recursos Hídricos e Amazônia Legal). Outro laboratório de referência para ensaios biológicos será sediado no Instituto Butantan. O Laboratório de Estruturas Moleculares do Instituto de Biociências da Unesp (Universidade Estadual de São Paulo) também vai colaborar. (ALTINO MACHADO E LUCAS FIGUEIREDO)



Texto Anterior | Próximo Texto | Índice



Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Agência Folha.