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ADMINISTRAÇÃO
Prefeitura de São Paulo quer receber R$ 10 milhões de fornecedor e de cooperativa do plano de saúde, já extinto
Ação cobra indenização do PAS 3 anos depois
FABIANE LEITE
DA REPORTAGEM LOCAL
A Prefeitura de São Paulo ajuizará nos próximos dias a primeira
de uma série de 50 ações indenizatórias contra empresas e cooperativas que, segundo a administração, respectivamente venderam e compraram produtos superfaturados durante a vigência
do extinto PAS (Plano de Atendimento à Saúde).
Na primeira medida judicial, os
alvos são uma das maiores fornecedoras de remédios e materiais
hospitalares do plano, a Aluminon Comercial Importação e Exportação Ltda., e as cooperativas
Cooperpas 2, Cooperpas 4, Cooperpas 8 e Cooperpas 12, que seriam responsáveis por um superfaturamento de R$ 5 milhões, valor próximo do que o governo
gastou em combate à dengue em
2003, de acordo com a Secretaria
da Saúde. A Procuradoria Geral
do Município calcula que, em valores corrigidos, o montante a ser
devolvido chegue a R$ 10 milhões.
Para alguns produtos, essa diferença de preços passava de
1.000%.
A empresa vendeu um total de
R$ 15 milhões ao plano, ou 15 mil
itens diferentes, segundo as apurações já realizadas.
O PAS foi um sistema de gerenciamento privado dos serviços de
saúde implantado em 1996 pelo
então prefeito Paulo Maluf (PP),
hoje apoiador da candidata à reeleição de Marta Suplicy (PT). As
cooperativas recebiam recursos
públicos para fazer compras sem
licitações. Marta extinguiu o plano em 2001.
Segundo a procuradoria, o município calcula o superfaturamento a partir de análise de notas fiscais que estavam com as cooperativas -um total de 100 mil.
Primeiro foi necessário padronizar as descrições dos produtos
das notas. Depois começou a busca de preços da época das compras para comparação em atas de
registro de preços da própria prefeitura e preços de laboratórios
públicos como a Furp.
Todos os dados foram digitados
e conferidos para alimentar um
programa de computador que
produziu relatórios comparativos. A intenção é finalizar as demais ações até dezembro, diz o
procurador-geral do município,
Antônio Miguel Aith.
Segundo ele, há provas dos pagamentos feitos pelas cooperativas, como cheques. Aith destaca
que, diferentemente de outras
ações, esta calcula o valor total do
suposto superfaturamento -do
contrário, o resultado poderia demorar muito mais, porque o juiz
precisaria requisitar um laudo.
"Poderíamos ter feito a análise
de superfaturamento por amostragem, mas aí a ação seria fadada
a nada", afirmou ao ser questionado sobre a demora para a proposição da medida. Segundo ele, a
digitação e a checagem dos dados
dificultaram os trabalhos.
Ao assumir em 2001, depois de
vencer Maluf, a prefeita prometeu
uma devassa no PAS. Durante a
campanha eleitoral deste ano,
quando já se anunciava uma
aliança com o ex-prefeito, no entanto, disse que havia pontos
bons no programa, como os cartões de cadastramento.
As apurações sobre supostos
desvios no plano na gestão Marta
tiveram início em julho de 2001,
com uma apreensão de papéis da
cooperativa comandada pelo Ministério Público. A autorização
para a primeira ação indenizatória contra fornecedores foi divulgada na semana passada, no "Diário Oficial" do município.
Ontem a reportagem questionou o comando da campanha de
Marta sobre o que a prefeita pretende aproveitar do PAS e também a respeito da demora para a
proposição das ações. A assessoria de imprensa informou que
não comentaria o assunto.
Dentro do próprio PT, a demora nas investigações do PAS nesses anos é vista como efeito colateral da "política de governabilidade" da prefeita. Vereadores que
compuseram a base de Marta estiveram envolvidos em acusações
de irregularidades.
A assessoria de Maluf reafirmou
que uma pesquisa indicou que o
PAS tinha 83% de aprovação.
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