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CARNAVAL
Agremiação se desculpa e tira, da sinopse do enredo, referência ao ditador nazista, que aparecia ao lado de Jesus e Gandhi
Vai Vai corta menção a Hitler após pressão
RICARDO WESTIN
DA REPORTAGEM LOCAL
A comunidade judaica de São
Paulo conseguiu impedir que
Adolf Hitler se transformasse em
personagem do Carnaval paulistano no ano que vem.
O ditador nazista seria lembrado no sambódromo pela Vai Vai.
Na sinopse do enredo da escola,
Hitler aparece ao lado de Jesus,
Buda e Gandhi como personagem
"lembrado e imortalizado".
Apesar da referência na sinopse,
o nome do ditador da Alemanha
não aparece no samba "Eu também Sou Imortal". Mesmo assim,
a Federação Israelita do Estado de
São Paulo não gostou de ver o
principal responsável pelo extermínio de seis milhões de judeus
na época da Segunda Guerra
Mundial (1939-1945) associado à
alegria do Carnaval.
A entidade entrou com representação no Gradi (Grupo de Repressão e Análise dos Delitos de
Intolerância), órgão da Polícia
Militar paulista que investiga crimes como racismo, pedindo que
a Vai Vai excluísse o nome do líder nazista da sinopse do enredo.
"Não se pode colocar um assassino como referência ao lado de
figuras queridas por toda a humanidade", explica Jayme Blay, presidente da entidade. "Esse tipo de
menção é ofensiva à memória de
todos aqueles que morreram. É
um assunto de extrema sensibilidade, evoca feridas incuráveis."
Procurada anteontem pelo Gradi, a escola de samba retirou imediatamente de sua página na internet a referência a Adolf Hitler e
pediu desculpas à comunidade
judaica de São Paulo.
Para o diretor de ala Clarício
Aparecido Gonçalves, o caso não
foi de censura: "Agradecemos por
terem chamado a nossa atenção e
pedimos desculpas se ofendemos
alguém. Não imaginava que poderíamos ser mal interpretados.
Nem em sonho faríamos um elogio a Hitler, um homem que só fez
mal ao mundo".
De acordo com a Vai Vai, a pequena mudança na sinopse não
muda o desfile da escola. Segundo
o carnavalesco Raul Diniz, nunca
se cogitou fazer fantasia ou carro
alegórico inspirado no ditador
nazista. Mas é provável que sósias
de Jesus Cristo, Buda e Gandhi
-as outras figuras "lembradas e
imortalizadas" citadas no resumo
do enredo- desfilem no sambódromo de São Paulo em 2005.
Outras escolas já viveram situações semelhantes. No ano passado, após ameaças do Ministério
Público, a Leandro de Itaquera
impediu que um casal de strippers simulasse cenas de sexo num
dos carros alegóricos.
Em 2002, a carioca Beija-Flor teve que "esconder" entre passistas
uma imagem de Nossa Senhora
Aparecida por causa de protestos
da Arquidiocese do Rio. Em 1989,
pelo mesmo motivo, a escola, na
época comandada por Joãosinho
Trinta, ocultou sob sacos de lixo a
alegoria de Cristo mendigo.
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