São Paulo, quarta-feira, 29 de novembro de 2000

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Garimpeiro teve doença 12 vezes

DA SUCURSAL DO RIO

Sebastião Marques de Oliveira, 43, tinha 22 anos quando trocou a falta de emprego no Rio de Janeiro pelo sonho do garimpo na região do rio Tapajós, no Pará.
Três meses depois da chegada, Oliveira encontrou ouro quando trabalhava numa balsa no rio. Pouco depois, outra descoberta: a primeira malária. Nos anos de Amazônia, o garimpeiro, hoje secretário da Associação dos Mineradores do Tapajós (que reúne donos de 120 garimpos), já teve malária 12 vezes.
Na sétima ou oitava vez -"já nem sei mais em qual malária foi"-, Oliveira achou que a doença o vencera.
No meio do delírio da febre, acordou no escuro, com a mulher chorando ao lado de sua cama e um candelabro com três velas acesas em cima da mesa. "Morri, desta vez morri. Já deve estar chegando a hora do velório", pensou. Sua mulher, então, comentou em voz alta que havia faltado energia.
Oliveira descobriu então que as velas não eram por sua morte, mas para clarear a escuridão dentro de casa. "Aí descobri que estava vivo, juntei as forças e falei com ela", lembra, rindo.
Ele diz que a malária é uma das maiores causadoras de prejuízos na região. O garimpeiro aos poucos vai conhecendo os sintomas, mas tem dificuldade para se proteger por causa das condições ambientais dos garimpos.
"A maior preocupação do garimpeiro é a malária. Para ele, pegar Aids é um perigo ainda distante, porque, de um jeito ou de outro, ele sabe como se prevenir. Pegar malária é uma preocupação de todo dia", afirma. (FE)


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