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Pró-reitora da UFMT é morta em emboscada
Também foram assassinados o prefeito do campus e um professor, que estavam no carro com Soraiha Miranda de Lima
Investigação não considera, por enquanto, possibilidade de latrocínio; segundo amigos da professora, ela vinha sofrendo ameaças
RODRIGO VARGAS
DA AGÊNCIA FOLHA, EM CAMPO GRANDE
MATHEUS PICHONELLI
DA AGÊNCIA FOLHA
A pró-reitora, um professor e
o prefeito do campus da UFMT
(Universidade Federal de Mato
Grosso) em Rondonópolis (219
km de Cuiabá) foram assassinados anteontem em uma emboscada ao voltar da capital,
por volta das 23h30.
O crime foi na frente da casa
da pró-reitora, Soraiha Miranda de Lima, 41. Os três estavam
dentro do carro e foram abordados por um homem encapuzado, que atirou, segundo a Polícia Civil, ao menos cinco vezes. Soraiha levou um tiro no
tórax e morreu na hora.
O professor de zootecnia
Alessandro Luís Fraga, 33,
também foi atingido no tórax e
morreu no local. O prefeito do
campus, Luís Mauro Pires Russo, 44, que dirigia o carro, foi
baleado perto da virilha. Chegou a ser levado a um hospital,
mas morreu na sala de cirurgia.
O criminoso fugiu.
As aulas na UFMT foram
suspensas ontem na cidade. A
reitoria da universidade declarou luto oficial por três dias.
Como o crime envolvia servidores federais, a Polícia Federal irá participar das investigações juntamente com a Polícia
Civil. O delegado encarregado
do caso, Alex Sandro Biegas, tomou ontem os primeiros depoimentos de vizinhos da pró-reitora, mas não deu detalhes.
A pró-reitora havia confidenciado a amigos que era alvo de
ameaças. Segundo o sociólogo
Naldson Ramos, coordenador
do Núcleo de Estudos da Violência da UFMT, ela sofria
pressões, pois "contrariava interesses dentro da instituição".
O delegado regional da Polícia Civil em Rondonópolis,
João Pessoa, disse que, a princípio, não considera a hipótese de
latrocínio. Uma bolsa da pró-reitora, no entanto, foi roubada. A polícia, a Folha apurou,
considera o fato um despiste.
"O que aconteceu foi uma
execução. Mas, por enquanto,
de concreto, só temos a cena do
crime. É preciso agora investigar as várias questões que estão
sendo suscitadas", afirmou.
Segundo a Folha apurou,
além de conflitos internos na
universidade, a polícia vai analisar ainda se o crime teve relação com o processo de separação judicial da pró-reitora ou se
teve como motivação a doação
de uma fazenda para a universidade. A área foi comprada por
assaltantes do Banco Central
de Fortaleza e foi seqüestrada
pela Justiça Federal.
A pró-reitora era defensoras
da idéia de que a área deveria
ser doada à UFMT -o que pode ter contrariado interesses.
O assassinato foi um dia antes da visita do ministro Fernando Haddad (Educação) a
Mato Grosso. O ministro não
se pronunciou. O reitor da
UFMT, Paulo Speller, acompanhou em Sinop, município de
Mato Grosso, a inauguração de
um novo espaço da universidade. De lá, seguiu para Rondonópolis. Ele disse que não poderia "adiantar hipóteses".
Questionado se Soraiha era
hostilizada na UFMT por contrariar interesses, ele disse que,
"se houve apurações de irregularidades, isso faz parte da rotina da universidade".
Sobre a doação da fazenda, o
reitor disse que houve outras
áreas obtidas por suposta fraude -e sob seqüestro da Justiça
Federal- que já foram disponibilizadas à universidade.
Professores, alunos, políticos
e dezenas de moradores de
Rondonópolis foram ontem ao
cemitério da Vila Aurora, onde
ocorreu o velório. A prefeitura
decretou luto oficial de três
dias.
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