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Parentes enterraram corpos no quintal
Defesa Civil orientou familiares a fotografar os mortos antes de enterrá-los
Em Gaspar, caminhão frigorífico é usado para armazenar os cadáveres; base do instituto de perícia foi montada em um sítio
CÍNTIA ACAYABA
DA AGÊNCIA FOLHA
A Defesa Civil de Santa Catarina orientou a população que
está em áreas isoladas, sem
acesso a IMLs (Instituto Médico Legal), que enterrem corpos
no quintal de suas casas.
Antes de enterrá-los, os moradores devem fotografar os
mortos, para que posteriormente sejam exumados e recebam o destino correto.
"Orientamos pessoas que ligaram e não sabiam o que fazer
com os mortos. Depois, faremos a retirada definitiva dos
corpos", disse o major Emerson Emerim, um dos gerentes
da Defesa Civil do Estado.
Até um caminhão frigorífico
é utilizado para receber corpos
na região de Gaspar (140 km de
Florianópolis).
Perícia
A dificuldade de acesso a alguns municípios fez com que o
IGP (Instituto Geral de Perícias) criasse duas bases, em
Gaspar e Luiz Alves, com médico-legista e técnicos, para o recebimento de corpos, e uma base de distribuição de materiais
no aeroporto de Navegantes.
A base de Luiz Alves foi montada em um sítio; a de Gaspar,
em uma casa mortuária. Foi para essa cidade que o IGP encaminhou um caminhão frigorífico com capacidade para armazenar 200 corpos.
"O caminhão fica ligado a
-15 C, o que congela o corpo
para não deixar apodrecer. Então, não existe necessidade nenhuma de enterrar na emoção", disse José Ortiga, gerente
de medicina legal do Estado.
De acordo com o major Emerim, os corpos que devem ser
encontrados na região do Morro do Baú, em Ilhota, deverão
ser levados para a base de Gaspar. "Extra-oficialmente, há a
possibilidade de 40 pessoas estarem soterradas lá", disse.
O gerente de medicina legal
contou que um prefeito, de
uma cidade da qual ele não se
recorda, mandou enterrar 17
corpos sem o procedimento legal e que pessoas foram enterradas no quintal de casas na região de Gaspar e Luiz Alves.
Para o médico, os "enterros
clandestinos" não devem ocorrer para que não haja "dificuldades nos trâmites legais".
Ortiga afirmou que não tem
informações sobre cemitérios
alagados, que se encontram, na
maioria das vezes, em partes altas das cidades.
O Estado tinha, até ontem, 62
corpos identificados. Estima-se que cerca de 40 corpos tenham sido enterrados sem passarem pelo IML.
Itajaí
De tão pequeno, instalado
nos fundos de uma delegacia da
região central, o IML de Itajaí
já não tem mais espaço para
tantos cadáveres e parou de receber os mortos.
Na manhã da última quinta,
14 corpos, em grupos de quatro
e de três, eram amontoados nas
quatro geladeiras do lugar, que
atende sete cidades da região.
Colaborou VINÍCIUS QUEIROZ GALVÃO, enviado especial a Itajaí
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