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THEREZINHA DE JESUS JANSEN PEREIRA (1928-2008)
Um adeus ao som do folclore maranhense
ESTÊVÃO BERTONI
DA REPORTAGEM LOCAL
As dançarinas trocam umbigadas entre si e giram e giram com suas saias floridas
durante o tambor-de-crioula, um tipo de samba-de-roda
acompanhado por batuques
e cantos de origem africana.
Na quarta, o ritmo, comum
a festas, embalou a "despedida apoteótica" de Therezinha
Jansen, contadora aposentada do Tesouro do Estado.
Ela morreu na terça após
sofrer uma embolia pulmonar, aos 79, para o infortúnio
da cultura maranhense. Therezinha organizava, há mais
de 30 anos, os grupos Tambor-de-Crioula Amor de São
Benedito e Bumba-Boi da Fé
em Deus -esse último, fundado em 1930, é um dos mais
antigos de São Luís.
De família tradicional (avô
político), foi malvista pela sociedade por seu envolvimento com negros e pobres. Lutou contra o preconceito.
Quando assumiu o Bumba-Boi (foi a primeira mulher a
dirigir um grupo folclórico no
Estado), eram apenas 15 os
integrantes. Hoje, são mais de
300 pessoas e, segundo a família, foram gravados 200
CDs com toadas.
Conhecida por sua rigidez e
disciplina, Therezinha era a
"cabeça pensante" do grupo,
conta a sobrinha. "Tudo passava por ela, do tipo de linha e
agulha para se fazer as roupas, até a cor das miçangas."
A despedida foi uma mistura de comoção e desespero,
segundo a família, que não
conteve a multidão. Após
missa, ela foi entregue aos
grupos. "Therezinha agora é
de vocês", disse a sobrinha.
Houve cantos e danças por
quatro horas antes do enterro. Ela não teve filhos.
obituario@grupofolha.com.br
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