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Sem obra, capacidade de aeroportos se esgota
Com recordes de movimento de passageiros, principais aeroportos recusam voos e barram crescimento de aviação comercial
Obras que a Infraero vem planejando há anos para desafogar e dar mais segurança aos aeroportos não saem do papel
JOSÉ ERNESTO CREDENDIO
DA REPORTAGEM LOCAL
No período de recordes sucessivos de movimento de passageiros, os principais aeroportos do país estão com capacidade esgotada, recusam voos e já
não permitem crescimento de
aviação comercial. Para as
agências de viagens e companhias aéreas, existe o risco de
um novo apagão no setor, agora
por falta de infraestrutura.
Os dados da Infraero (estatal
federal responsável pelos aeroportos) apontam que o número
de passageiros transportados
em outubro foi 33% superior ao
do mesmo mês de 2007.
Outro dado: até outubro, haviam passado pelos aeroportos
da Infraero 103,744 milhões de
passageiros, cerca de 9 milhões
a mais do que nos dez primeiros meses de 2008.
Segundo análise da Anac
(Agência Nacional de Aviação
Civil), o salto foi impulsionado
pela liberdade tarifária nos
voos internacionais, mas também houve a retomada econômica e o fim da crise gerada pela gripe suína, que inibiu voos
no meio do ano.
Aumento
Os principais aeroportos
-Congonhas, Cumbica, Brasília, Galeão, Salvador e Porto
Alegre- registraram neste ano
o maior número de pessoas
transportadas.
Neste ano, Congonhas (zona
sul de São Paulo) projeta receber 2 milhões a mais de passageiros além de sua capacidade
operacional, de 12 milhões.
Em Cumbica (Guarulhos, na
Grande SP), serão até o final do
ano 21,5 milhões, para uma capacidade em torno de 17,5 milhões. Brasília, que já surge como terceiro principal aeroporto do país em transporte de
passageiros, viu o movimento
crescer 30% em quatro anos.
Ao mesmo tempo, as obras
que a Infraero vem planejando
há anos para desafogar e dar
mais segurança aos aeroportos
jamais saem do papel. Até agosto, segundo balanço do PAC, a
empresa havia investido somente 19,% do R$ 1,031 bilhão
disponível -a média das estatais foi de 53%.
Com esse baixo investimento, o check-in de Congonhas,
prometido para 2006, quando
foi inaugurada a nova garagem,
nem foi licitado. O novo terminal de Brasília, que também deveria estar pronto, é outro projeto que não saiu do papel.
O terceiro terminal no aeroporto de Cumbica, visto como
essencial para reduzir o empurra-empurra, terá somente
entre 70% e 80% de suas obras
prontas no início de 2010, segundo depoimento do assessor
especial da presidência da estatal, Jaime Caldas Parreira, na
CPI do Transporte Aéreo da
Assembleia Legislativa de São
Paulo.
Tanto Congonhas quanto
Cumbica -maior aeroporto do
país- não aceitam novos voos.
Juntos, eles respondem por
quase 30% do movimento de
passageiros no sistema da Infraero, um problema que a estatal vem tentando contornar
em negociações com as companhias.
"Você chama: olha, você quer
um pouco mais de conforto,
ok? Vai um pouco para cá, um
pouco para lá", disse Parreira,
referindo-se ao deslocamento
de voos para horários normalmente recusados.
Com os dois maiores aeroportos do país esgotados, a solução foi desviar voos para Viracopos, em Campinas (SP),
que ficou caótico.
"Batemos no batente da falta
de infraestrutura. Nem é preciso falar do futuro. Já estamos
com problemas graves, ficamos
muito preocupados. A Copa das
Confederações, que é um teste
para a Copa do Mundo, é em
2013", diz Ronaldo Jenkins, diretor do Snea (Sindicato Nacional das Empresas Aeroviárias).
Na previsão do setor, o turismo aéreo terá um crescimento
de até 20% neste ano, tendência que deve se manter em 2010
e existe o temor de um apagão,
diz Leonel Rossi Jr, diretor da
Abav (Associação Brasileira de
Agências de Viagens).
"Nem falo da Copa. O crescimento é muito grande e não foi
acompanhado por obras. Podemos ter um apagão de superlotação dos aeroportos em um futuro bem próximo", diz.
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