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Gabriela, 4, morre após resgate dramático
da Agência Folha, em Olinda
As equipes que atuavam no resgate das vítimas do prédio já se
preparavam para utilizar tratores
para a remoção dos entulhos
quando, às 4h de ontem, ouviram
o que parecia ser um miado vindo
debaixo dos escombros.
"Todos quietos", ordenou um
dos oficiais que comandava a
operação. No silêncio, puderam
ouvir um choro, seguido de um
grito: "Mãinha". A voz era de Gabriela Cristina da Silva Queiróz, 4,
moradora do apartamento 101.
Quando o prédio desmoronou,
Gabriela estava acompanhada da
mãe, de uma irmã e de uma tia.
Até então, só ela havia sobrevivido. A menina morreu quando todos pensavam que estava salva,
uma hora após ser resgatada pelos grupos de salvamento.
Segundo a médica cardiologista
do Prontolinda, que atendeu a
criança, Gabriela sofreu parada
cardíaca provocada por asfixia.
Ela aspirou poeira e resíduos e estava com o tórax afundado do lado esquerdo. Havia ainda fraturas
nas costelas e no pé esquerdo.
O resgate de Gabriela foi dramático e acompanhado por cerca de
300 pessoas, segundo a PM. A
operação começou às 6h e terminou às 12h45, quase 20 horas após
o desabamento. No tempo em
que permaneceu debaixo os escombros, a menina chorou, conversou e chamou pela mãe.
Gabriela estava deitada de bruços, sobre um sofá, com o pé esquerdo preso por uma laje na altura de seu tornozelo. Do lado
oposto, uma estante de madeira
evitava que o pedaço de concreto
desabasse sobre seu corpo.
Por um buraco aberto a cerca de
dois metros de distância da menina, homens da equipe de resgate
se revezavam na tentativa de retirá-la do local. Ao mesmo tempo,
conversavam com a menina.
"O que você está fazendo?", perguntou a ela o capitão Manoel Cunha, da Defesa Civil. "Estou tomando guaraná", respondeu Gabriela. "Depois, eu quero um sorvete e tomar banho de piscina,
porque está calor", disse.
Parentes da criança que acompanhavam o resgate rezavam de
mãos dadas, em voz alta, com
amigos e desconhecidos. O tempo, no entanto, passava, e as equipes não conseguiam removê-la.
Havia risco de desmoronamento.
Às 11h35, um oficial do grupo de
resgate ordenou a utilização de
um guindaste. "Não temos mais
tempo a perder", gritou.
Vigas de madeira foram instaladas para escorar a laje, enquanto
o guindaste retirava grandes pedaços de concreto. Às 12h45, Gabriela foi resgatada, em meio a
gritos, aplausos e choro.
A menina, entretanto, estava
desacordada e precisou ser submetida a massagem cardíaca antes de ser levada ao hospital. O socorro continuou no Prontolinda,
mas ela morreu às 13h50.
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