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CÂMARA
Apenas 7 dos 16 vereadores do partido apoiaram o líder do governo, José Mentor, na tentativa de colocar projeto em votação
Divisão no PT barra anistia a comércio
JOÃO CARLOS SILVA
SÉRGIO DURAN
DA REPORTAGEM LOCAL
O projeto que anistia temporariamente o comércio irregular
nos chamados corredores de uso
especial -ruas e avenidas que
cortam bairros residenciais nas
quais há restrição à atividade comercial- não obteve apoio para
ser colocado em votação ontem
na Câmara Municipal.
O autor da proposta, o líder do
governo, José Mentor (PT), sofreu
uma derrota ao não conseguir
respaldo suficiente em seu próprio partido. O projeto legaliza
temporariamente o comércio até
uma definição sobre o assunto, na
votação dos planos diretores regionais, prevista para este ano.
Polêmica, a proposta dividiu a
bancada petista. Apenas 7 dos 16
vereadores do partido se manifestaram a favor de Mentor -os demais não votaram.
Para iniciar a discussão do projeto, Mentor precisava de 28 votos
-conseguiu apenas 25. Na Câmara há 55 vereadores -na votação de ontem com maior quórum, 39 se manifestaram.
"Não digo que será uma derrota. Só não terei conseguido votar",
disse ele ontem, antes da votação,
ao avaliar a possibilidade de não
obter apoio suficiente.
No mesmo dia em que o líder do
governo tentou legalizar o comércio irregular, o vereador Carlos
Giannazi (PT) apresentou pedido
de CPI para investigar o funcionamento ilegal de lojas em cerca de
60 ruas e avenidas que cortam
bairros residenciais da cidade.
Giannazi é um dos petistas contrários à proposta de Mentor
-outros seis já haviam feito ressalvas. O grupo argumenta que o
projeto trata do problema de maneira superficial, além de não estar afinado com a política defendida pela prefeitura para o setor.
Com a derrota de ontem, não há
mais tempo regimental para a
proposta ser aprovada em votação final até amanhã, como Mentor e a administração queriam.
O vereador terá de renunciar ao
cargo para tomar posse, no sábado, como deputado federal. Petistas avaliam que, com a ausência
do autor, dificilmente o projeto
terá condições de virar lei.
"Acredito que as sessões de hoje
foram a pá de cal que faltava para
enterrar de vez esse projeto", afirmou a arquiteta Regina Monteiro,
presidente do Defenda São Paulo,
organização que reúne sociedades de amigos de bairro da cidade.
"O Plano Diretor afirma que o
disciplinamento do uso e da ocupação do solo seria discutido nos
planos diretores regionais e na
elaboração da nova lei de zoneamento. O projeto de Mentor propõe essa discussão fora disso",
disse o diretor do Instituto Pólis,
Nelson Saule Júnior.
CPI
O pedido de CPI protocolado
ontem é para apurar "suspeitas de
omissão e negligência da prefeitura em relação ao funcionamento
irregular de estabelecimentos comerciais" nos corredores.
Como o pedido não delimita as
administrações que serão investigadas, a gestão Marta Suplicy
também poderá ser alvo da apuração, caso a Comissão Parlamentar de Inquérito seja iniciada -o
que depende de 28 votos.
Giannazi disse, no entanto, que
os casos que quer investigar são
"típicos" de gestões anteriores.
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