São Paulo, sexta-feira, 30 de janeiro de 2009

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

Violência cancela linhas de ônibus no Rio

Oito itinerários já foram extintos na zona oeste para fugir de ataque de criminosos; na Mangueira comércio foi fechado

Federação de transporte diz ter prejuízo de R$ 74 mi desde 2000 com depredação; para prefeitura, ataques favorecem transporte alternativo ilegal

ITALO NOGUEIRA
DA SUCURSAL DO RIO

Principal alvo de traficantes como reação às operações da polícia, os ônibus passaram a fugir das rotas consideradas perigosas no Estado. De acordo com a Rio Ônibus (sindicato das empresas de transporte na capital), oito linhas, das 114 que circulam na zona oeste, já foram canceladas em razão da violência. Outras tiveram o itinerário alterado, mas não há levantamento de quantos casos.
A Fetranspor (Federação das Empresas de Transporte do Estado do Rio) calcula um prejuízo de R$ 74,2 milhões -em valores não corrigidos- nos últimos nove anos em razão de depredações e incêndios.
"Esses ataques surpreendem porque essas linhas atendem justamente as comunidades.
Além do prejuízo material, já que a reposição do veículo é demorada, atrapalha os moradores porque menos ônibus passam a circular", disse Octacílio Monteiro, vice-presidente da Rio Ônibus.
Três coletivos foram incendiados anteontem por criminosos em reação à operação da polícia na favela da Mangueira -o fogo foi controlado. Um dos veículos estava numa das ruas mais movimentadas da Tijuca (zona norte).
O secretário municipal de Transportes, Alexandre Sansão Fontes, afirma que a extinção e alteração de itinerários são medidas "da gestão anterior". Ele diz que discutirá com a Secretaria Estadual de Segurança formas de minimizar os efeitos da violência no setor.
Para Octacílio Monteiro, os traficantes buscam visibilidade para suas ações ao atacar os ônibus. "A lógica é que é um equipamento grande, chama a atenção e é notícia", afirmou.
Ele não quis dizer quais linhas foram extintas "para preservar as empresas", mas afirmou que elas são da zona oeste.
Além dos incêndios, é comum o roubo de ônibus para para transporte de traficantes em invasões a favelas rivais ou para levar moradores e criminosos a bailes funk em comunidades da mesma facção.
"Em alguns casos, os motoristas também são sequestrados para fazerem esse transporte", disse Monteiro.
Aos 46 anos, o motorista J. já transportou armas, drogas e um traficante ferido. Motorista há 25 anos, ele já foi sequestrado quatro vezes e afirma que ser sequestrado e servir a criminosos o fez se sentir "diminuído, igual aos caras", e temeu ser baleado pela polícia.

Mangueira
Um dia após o confronto entre policiais e traficantes na favela da Mangueira (zona norte do Rio), criminosos obrigaram os comerciantes a fechar seus estabelecimentos, ontem de manhã. A determinação teria partido de traficantes. O comércio do morro se manteve fechado pelo resto do dia.
Durante a operação policial de anteontem foi morto Leandro Monteiro Reis, o "Pit Bull", apontado como o chefe do tráfico no morro. Além dele, outras três pessoas morreram.
À tarde, policiais estiveram no Buraco Quente, região do morro onde "Pit Bull" seria velado, e recuperaram um carro roubado. Durante essa operação, o caveirão, veículo blindado da PM, foi alvo de tiros disparados por bandidos. Não houve revide nem feridos.


Colaboraram MALU TOLEDO e FÁBIO GRELLET, da Sucursal do Rio


Texto Anterior: Santa Catarina: Acidente na BR-101 mata cinco pessoas e fere duas
Próximo Texto: Trânsito: Jovem de 16 anos pega carro escondido e causa acidente
Índice


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.