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Violência cancela linhas de ônibus no Rio
Oito itinerários já foram extintos na zona oeste para fugir de ataque de criminosos; na Mangueira comércio foi fechado
Federação de transporte diz
ter prejuízo de R$ 74 mi desde
2000 com depredação; para
prefeitura, ataques favorecem
transporte alternativo ilegal
ITALO NOGUEIRA
DA SUCURSAL DO RIO
Principal alvo de traficantes
como reação às operações da
polícia, os ônibus passaram a
fugir das rotas consideradas perigosas no Estado. De acordo
com a Rio Ônibus (sindicato
das empresas de transporte na
capital), oito linhas, das 114 que
circulam na zona oeste, já foram canceladas em razão da
violência. Outras tiveram o itinerário alterado, mas não há levantamento de quantos casos.
A Fetranspor (Federação das
Empresas de Transporte do Estado do Rio) calcula um prejuízo de R$ 74,2 milhões -em valores não corrigidos- nos últimos nove anos em razão de depredações e incêndios.
"Esses ataques surpreendem
porque essas linhas atendem
justamente as comunidades.
Além do prejuízo material, já
que a reposição do veículo é demorada, atrapalha os moradores porque menos ônibus passam a circular", disse Octacílio
Monteiro, vice-presidente da
Rio Ônibus.
Três coletivos foram incendiados anteontem por criminosos em reação à operação da polícia na favela da Mangueira -o
fogo foi controlado. Um dos
veículos estava numa das ruas
mais movimentadas da Tijuca
(zona norte).
O secretário municipal de
Transportes, Alexandre Sansão
Fontes, afirma que a extinção e
alteração de itinerários são medidas "da gestão anterior". Ele
diz que discutirá com a Secretaria Estadual de Segurança formas de minimizar os efeitos da
violência no setor.
Para Octacílio Monteiro, os
traficantes buscam visibilidade
para suas ações ao atacar os
ônibus. "A lógica é que é um
equipamento grande, chama a
atenção e é notícia", afirmou.
Ele não quis dizer quais linhas
foram extintas "para preservar
as empresas", mas afirmou que
elas são da zona oeste.
Além dos incêndios, é comum o roubo de ônibus para
para transporte de traficantes
em invasões a favelas rivais ou
para levar moradores e criminosos a bailes funk em comunidades da mesma facção.
"Em alguns casos, os motoristas também são sequestrados para fazerem esse transporte", disse Monteiro.
Aos 46 anos, o motorista J. já
transportou armas, drogas e
um traficante ferido. Motorista
há 25 anos, ele já foi sequestrado quatro vezes e afirma que
ser sequestrado e servir a criminosos o fez se sentir "diminuído, igual aos caras", e temeu
ser baleado pela polícia.
Mangueira
Um dia após o confronto entre policiais e traficantes na favela da Mangueira (zona norte
do Rio), criminosos obrigaram
os comerciantes a fechar seus
estabelecimentos, ontem de
manhã. A determinação teria
partido de traficantes. O comércio do morro se manteve
fechado pelo resto do dia.
Durante a operação policial
de anteontem foi morto Leandro Monteiro Reis, o "Pit Bull",
apontado como o chefe do tráfico no morro. Além dele, outras
três pessoas morreram.
À tarde, policiais estiveram
no Buraco Quente, região do
morro onde "Pit Bull" seria velado, e recuperaram um carro
roubado. Durante essa operação, o caveirão, veículo blindado da PM, foi alvo de tiros disparados por bandidos. Não
houve revide nem feridos.
Colaboraram MALU TOLEDO e FÁBIO GRELLET, da Sucursal do Rio
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