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Pai, mãe e filha morrem soterrados em casa
Imóvel onde família foi soterrada estava regularizado e não ocupava área de risco, segundo Defesa Civil de Francisco Morato
Com as vítimas fatais do município da Grande SP, Estado já registra 68 mortes em decorrência das chuvas desde o início de dezembro
Almeida Rocha/Folha Imagem
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Local em que aconteceu o deslizamento que matou três pessoas da mesma família, anteontem à noite, em Francisco Morato, município da Grande São Paulo
LÉO ARCOVERDE
DO "AGORA"
Um novo deslizamento causado pelas chuvas matou anteontem à noite pai, mãe e filha
em Francisco Morato, município da Grande São Paulo.
A família foi soterrada dentro
da casa para a qual havia se mudado cinco dias antes.
O Estado já registra 68 mortes em decorrência das fortes
chuvas iniciadas em dezembro,
segundo a Defesa Civil.
Os corpos das vítimas foram
retirados após sete horas de
buscas dos Bombeiros.
Outras quatro pessoas, da
mesma família, que moravam
em outra casa no mesmo quintal, conseguiram escapar apenas com ferimentos leves.
Vizinhos retiraram terra com
as mãos para ajudar os sobreviventes a sair dos escombros.
A casa onde morreram o mecânico desempregado Wagner
Gonçalves, 50, a costureira e
funcionária de uma padaria Iara da Silva Oliveira, 48, e a filha
adotiva do casal, Amanda de
Oliveira, 15, estava regularizada
e não ocupava uma área de risco, de acordo com a Defesa Civil do município.
Meses antes, porém, o órgão
notificou cerca de 30 imóveis
no entorno da casa sobre a qual
ocorreu o deslizamento para
que seus moradores deixassem
o local. Ninguém, no entanto,
atendeu ao pedido.
Vaias
O prefeito de Francisco Morato, José Aparecido Bressane
(PT), responsabilizou as chuvas pelas mortes.
"Chove há seis meses na cidade. Francisco Morato é uma
município acidentado, úmido,
com muito morro e mais de
2.000 famílias vivendo em área
de risco", disse Bressane, sem
apresentar índices sobre as
chuvas na região.
O prefeito foi recebido com
vaias dos moradores ao chegar
ao local do deslizamento na
madrugada de ontem. "É natural, ocorrendo uma tragédia
dessas, que se procure um culpado. Como sou o prefeito e estava lá, não teve jeito."
Pelo menos 50 casas nas quatro regiões da cidade foram interditadas ontem. Segundo a
prefeitura, cerca de 100 famílias (ou 400 pessoas) estão desabrigadas. Eles estão morando
em casa de parentes, já que a
prefeitura não dispõe de abrigo
para as vítimas da enchente.
Sem comparação
Questionada ontem se o número de mortes ocorridas neste verão já era recorde no Estado, a Defesa Civil informou que
ainda não era possível fazer um
comparativo dos dados atuais
com os de outros anos por problemas operacionais.
De acordo com o órgão, a
maioria de seus profissionais
está empenhada no "atendimento à população" e, por isso,
não poderia fazer um levantamento detalhado.
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