DA REPORTAGEM LOCAL

A administração do governador Geraldo Alckmin (PSDB) proibiu o uso do vermelho, cor associada ao PT, adversário político do partido do governador, nos novos prédios escolares do Estado de São Paulo.
A acusação é do Sinaenco (Sindicato Nacional das Empresas de Arquitetura e Engenharia Consultiva) e foi confirmada à Folha por três arquitetos que trabalham para a FDE (Fundação para o Desenvolvimento da Educação).
Segundo César Bergstrom Lourenço, diretor do sindicato, não há uma determinação por escrito. "É uma orientação informal, mas que é seguida à risca pelos funcionários da FDE. Se tiver vermelho no projeto da escola, a cor tem de ser alterada."
Os profissionais entrevistados pela Folha confirmam as informações do sindicato e se dizem irritados com a interferência política nos projetos arquitetônicos. Mas preferem manter-se no anonimato com receio de demissões.
A Secretaria de Estado da Educação diz que não houve restrição em relação à cor da pintura.
Divulgou nota negando interferências na elaboração dos projetos exceto "para assegurar a obediência às especificações técnicas dentre as quais está a utilização de cores suaves e adequadas à serenidade que se espera de um ambiente escolar".
A pasta ressaltou que considera uma questão menor o uso da cor em relação à iniciativa de construção de 70 prédios novos (sendo 28 deles ainda em execução) com soluções inovadoras.
"Independentemente da qualidade das escolas está havendo um cerceamento da atividade profissional do arquiteto. Não podemos atribuir ao uso da cor um significado [político] que ela não tem", rebate Lourenço, do Sinaenco.

Tinta política
O uso político de cores associadas a partidos não é novo. Há dois exemplos recentes em São Paulo.
A ex-prefeita Marta Suplicy (PT) adotou o vermelho -o mesmo do símbolo do partido- como cor oficial dos uniformes escolares na cidade, além dos pontos de ônibus construídos em diversas avenidas.
Ao assumir a prefeitura paulistana, em janeiro deste ano, José Serra (PSDB) mudou a cor do uniforme escolar. De vermelho, passou para azul -a cor do tucano que é símbolo do partido do prefeito de São Paulo.


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