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Cartilha diz que Aids faz perder memória
Material da Igreja Adventista do Sétimo Dia inclui nos "grupos de risco" os "hemofílicos", os "viciados" e os "tatuados"
Para o Ministério da Saúde, livretos do tipo atrapalham as campanhas oficiais; igreja diz que o material foi distribuído sem conhecimento da direção
RICARDO WESTIN
DA REPORTAGEM LOCAL
Cartilhas sobre Aids distribuídas pela Igreja Adventista
do Sétimo Dia em São Paulo escandalizaram militantes de defesa dos portadores do vírus
HIV e acenderam uma luz vermelha no Ministério da Saúde.
O material, com propósito
educativo, enumera como sintomas da Aids "sapinho na boca
e na garganta", "língua inchada", "diarreia durante mais de
um mês" e "perda de memória e
da capacidade intelectual". E
classifica como "grupos de risco" os "hemofílicos", os "viciados" e os "tatuados", além dos
que "se relacionam sexualmente com muitos parceiros".
Para o Ministério da Saúde,
livretos desse tipo atrapalham
as campanhas oficiais de prevenção da Aids. Primeiro, porque aquela lista de sintomas era
realidade nos anos 80. "Não vivemos esse quadro dramático
do início da epidemia. Hoje o
diagnóstico é mais rápido e as
pessoas se tratam", diz Ivo Brito, um dos diretores de DST/
Aids do Ministério da Saúde.
Depois, porque as autoridades de saúde já não falam em
grupos de risco, mas em comportamentos de risco, como
não usar preservativo.
"A informação é um dos pilares mais importantes para que
as pessoas adotem práticas sexuais mais seguras. Quando a
informação é segura e sem contradições, a assimilação é fácil.
Mas, quando há materiais como esse [distribuído pela Igreja
Adventista] gerando contrainformação, as pessoas ficam
confusas e nosso trabalho é
prejudicado", diz Brito.
O Instituto Vida Nova, ONG
que defende os portadores do
HIV, encontrou a cartilha sendo distribuída numa feira livre
na zona norte de SP. Tinha o carimbo de uma igreja adventista
da Vila Nova Cachoeirinha.
A Igreja Adventista do Sétimo Dia disse que o material havia sido distribuído sem o conhecimento das instâncias superiores e que está "trabalhando na identificação do responsável". O pastor James Wast,
que responde pela região da Vila Nova Cachoeirinha, afirmou
que não comentaria o caso.
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