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Omissão do Metrô provocou cratera, afirma promotor
Promotoria pede indenização de R$ 240 milhões a funcionários da estatal e empresas que executaram obra onde houve acidente
Consórcio responsável pela obra e Metrô não falam sobre ação; acidente na linha 4, em Pinheiros, matou sete pessoas em 2007
DA REPORTAGEM LOCAL
Três anos depois do maior
acidente nas obras do metrô de
São Paulo, o Ministério Público
ingressou com uma ação civil
na qual aponta a omissão da
companhia como o principal
fator para a tragédia que deixou
sete mortos em janeiro de 2007
no canteiro de obras em Pinheiros (zona oeste de SP).
Pelos danos materiais e morais provocados contra a população paulista, a Promotoria
quer que a Justiça condene seis
funcionários do Metrô ao pagamento de uma indenização de
quase R$ 240 milhões.
Na ação, o Consórcio Via
Amarela (CBPO [grupo Odebrecht], OAS, Queiroz Galvão,
Camargo Corrêa, Andrade Gutierrez e Alstom), que constrói
a linha 4 do metrô, também é
apontado como responsável
pelo acidente.
Para o promotor Saad
Mazloum, além da série de problemas, como até erro de cálculos, o Metrô permitiu que as
empresas fizessem uma economia irregular na obra, em detrimento da segurança, e que essa
redução dos custos foi a forma
que as empresas encontraram
para ganhar mais dentro do
modelo "turn key" (chave na
mão, numa tradução livre).
"Essas empresas, objetivando aumentar os lucros, reduziram os custos -já que era um
contrato fechado, que previa
um determinado valor", disse o
promotor.
"A única maneira de aumentar a gordura dos lucros era reduzindo os custos. Para isso, as
empresas não se constrangeram em adotar esse tipo de procedimento: economizando em
material, economizando em
pessoas, em profissionais, até
em tecnologia", afirmou
Mazloum na ação.
O promotor disse que esse
modelo de contratação não
isenta o Metrô de fiscalizar a
execução da obra, pelo contrário, é um dever legal. "Ele [Metrô] simplesmente abdicou
dessa importante missão que
lhe é deferida por lei", disse o
promotor.
Processo criminal
Além da ação civil, na Justiça
também há um processo criminal movido contra funcionários
do Metrô e do Consórcio Via
Amarela. Esse processo está,
porém, suspenso desde a semana passada porque a Justiça
analisa a isenção do IPT (Instituto de Pesquisas Tecnológicas) para investigar o acidente,
já que essa análise foi paga pelo
Metrô -parte interessada no
processo.
Esse mesmo documento é
utilizado por Mazloum na área
cível. De acordo com ele, não há
motivos para a Justiça desqualificar o laudo produzido pelo
instituto e, mesmo que isso
ocorra, ele também utiliza laudo do IC (Instituto de Criminalística), que converge com o
primeiro.
O Consórcio Via Amarela e o
Metrô informaram que não
iriam se manifestar ontem porque não tiveram acesso ao documento. Em entrevistas anteriores, o Via Amarela afirmou
que não houve redução de custos e o Metrô disse que não
houve falha na fiscalização.
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