São Paulo, segunda, 30 de março de 1998

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MEGAINCÊNDIO 3
Aeronaves e veículos servem para localizar focos e abrir caminho até eles no meio da selva amazônica
Combate ao fogo exige trator e helicóptero

do enviado especial


A ação de bombeiros amazonenses e mineiros ontem de manhã na região do Caracaraí, onde o fogo se intensificou no fim-de-semana, exigiu trator para abrir trilha na floresta amazônica e o apoio de um helicóptero da PM de Minas, equipado com Bambi Buckett (espécie de balde que lança água sobre os focos). A Folha acompanhou a ação do começo ao fim. O combate começou às 11h e mostrou a dificuldade de se apagar o fogo no meio de uma floresta. O trator demorou uma hora para abrir a trilha de três metros de largura até o local próximo do foco de incêndio.
Atrás do trator vinham bombeiros que usavam enxadas e facões para cortar os galhos não destruídos e que poderiam furar os pneus do carro de bombeiros e do caminhão do Exército que vinham logo atrás.
Próximo ao fogo, os bombeiros usaram facões e moto-serras para vencer a mata fechada. O incêndio foi debelado com abafadores.
Durante trajeto, os bombeiros iam cantando toadas folclóricas do boi-bumbá amazonense e refrões improvisados, como: "Lá se vai outra picada no meio dessa queimada".
Em meio ao combate difícil, os bombeiros ainda encontravam tempo para brincar. Um deles disse que estava precisando de um cachorro-quente e de uma Coca-Cola e que achava que ia encontrar a comida em alguma aldeia por perto.
A preocupação dos bombeiros é não deixar que algum deles se perca na floresta. Por isso, vão gritando a sequência de seus números. Se um pelotão é formado por 12 combatentes, gritam de tempos em tempos: "um, dois, três...", até chegar ao 12º.
Também é na base do grito que grupos diferentes de homens se localizam em meio à selva. "Amazônia", grita um grupo. "Selva", responde outro. O helicóptero, além de jogar água em alguns focos, monitora o deslocamento dos bombeiros em terra.
Depois da ação contra o fogo, chega o momento da descontração. Os homens fizeram fila para tomar uma "chuveirada" na saída de água do carro de bombeiros. Alguns utilizam as bombas costais -galões de água que são carregados nas costas, de onde sai uma mangueira- para esguichar um pouco de água no rosto do colega. (ANDRÉ LOZANO)


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